Estudantes da UFMT: Ações para redução da evasão na UFMT

RESUMO:A pesquisa possui como objetivo geral: Realizar um diagnóstico das causas da evasão universitária, incluindo fatores acadêmicos, socioeconômicos e psicossociais investigando as principais motivações que contribuem para o abandono escolar e objetivos específicos: 1. Desenvolver estratégias para reduzir a evasão universitária, com ações de suporte acadêmico, psicológico e social. 2. Identificar o perfil dos estudantes evadidos, considerando aspectos demográficos, socioeconômicos e acadêmicos, para compreender melhor os grupos mais afetados pela evasão. 3. Implementar ações de acolhimento e suporte acadêmico voltadas aos estudantes reintegrados, como monitorias, tutoria e reforço em disciplinas críticas. 4. Oferecer atendimento psicológico e programas de apoio emocional para os estudantes que retornarem, visando fortalecer sua adaptação ao ambiente universitário. 5. Estabelecer canais de comunicação com os estudantes evadidos, utilizando redes sociais, e-mails e outros meios, para informá-los sobre as oportunidades de reintegração e apoio oferecidas pela universidade. 6. Monitorar o progresso acadêmico e a satisfação dos estudantes reintegrados, ajustando as ações de suporte conforme necessário para garantir sua permanência. 7. Realizar parcerias com organizações públicas e privadas para viabilizar estágio e adequação de carga horária de trabalho proporcional ao período necessário de estudo ou de acordo com as condições das instituições parceiras. 8. Desenvolver um sistema de avaliação contínua das estratégias adotadas, com o objetivo de medir o impacto das ações e identificar áreas para aprimoramento. A metodologia deste estudo será desenvolvida inicialmente neste projeto utilizando abordagens de alcance documental e bibliográfico. Utilizaremos pesquisa bibliográfica e documental, bem como, busca em dados secundários para abrangência de informações relacionadas à temática da pesquisa. No primeiro momento, será realizado um diagnóstico quantitativo e qualitativo dos estudantes evadidos e das razões que impulsionaram o abandono. Para tanto, será realizada consulta aos registros acadêmicos, relatórios e demais documentos que contemplem tais informações. Esse levantamento permitirá mapear os principais fatores que dificultam a permanência dos estudantes na UFMT e compreender as dinâmicas institucionais e socioeconômicas envolvidas na evasão. Com base nos dados obtidos, serão implementadas ações acadêmicas que contemplem diferentes formas de apoio acadêmico e psicossocial. Essas ações incluirão monitorias e tutoriais personalizados, além de oficinas de reforço acadêmico, rodas de conversa, com o objetivo de suprir lacunas educacionais e fortalecer o vínculo dos estudantes com a instituição. Além disso, poderá ser oferecida uma rede de serviços de apoio, com atendimento psicológico, orientação vocacional e inclusão dos estudantes em programas de assistência estudantil, promovendo um suporte integral que favoreça o retorno e a adaptação dos alunos ao ambiente acadêmico. Justifica-se a necessidade desta pesquisa, ao compreendermos que, a evasão no ensino superior é um problema para as instituições universitárias, pois acarreta prejuízos acadêmicos, sociais e econômicos, tanto para os estudantes quanto para a sociedade. Em um contexto nacional no qual apenas 21% dos brasileiros entre 25 e 34 anos completaram o ensino superior – taxa inferior à média dos países da OCDE – o Brasil se destaca pela persistência das desigualdades educacionais que limitam a conclusão dos estudos, especialmente entre estudantes de baixa renda e oriundos de famílias com menor escolaridade (Heideman, Espinoza, 2020). Embora políticas de ação afirmativa tenham promovido a inclusão de estudantes de baixa renda e minorias étnico-raciais, a permanência desses grupos nas universidades públicas ainda enfrenta obstáculos significativos. Estudos indicam que fatores como dificuldades financeiras, falta de suporte acadêmico e barreiras psicossociais são determinantes para a evasão, com destaque para o primeiro ano, período crítico de adaptação ao ambiente universitário (Bezerra, 2017). Essa problemática também impacta a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que observa altas taxas de evasão em cursos de diferentes áreas, sugerindo a necessidade de estratégias institucionais que contemplem suporte acadêmico e psicossocial, visando à inclusão efetiva e ao fortalecimento do vínculo do estudante com a instituição. Este projeto terá o financiamento da Fundação Uniselva, visando sua viabilização financeira e a participação para execução das atividades da pesquisa, de estudantes, servidores docentes e técnicos da UFMT.
Coordenadora: Profa. Geruza Silva de Oliveira Vieira
Período: 20/12/2024 a 20/12/2026
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SUICÍDIO, TRABALHO E RELIGIÃO: SUA CONSTRUÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA. ETAPA 2
Resumo: A proposta do projeto apresentado propõe o estudo do SUICÍDIO, TRABALHO E RELIGIÃO: SUA CONSTRUÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA é uma proposta de continuidade de pesquisa em sua ETAPA 2, com fins de desenvolver demandas e objetivos que surgiram durante a pesquisa anterior. O suicídio - todo caso de morte que resulte direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, sabedora de que devia produzir este resultado (DURKHEIM, 2000) é tratado por Durkheim como Fato Social, não motivado exclusivamente por interesses privados. Amparada pela teoria que envolve o suicídio, como um dos tipos de práticas que eliminam a vida pode-se citar nesse contexto Émile Durkheim que em 1987 diz que, o ato é resultado de uma sociedade que perdeu seus valores tradicionais, seus objetivos, sua identidade. Os fenômenos religiosos segundo Durkheim (1996) se fazem de duas formas: crenças, que são estados de opinião, representações, e os ritos, que exprimem modos de conduta. Aqui, entendemos a religião como fenômeno social e antropológico. A sociedade envolve os indivíduos no fenômeno religioso e por meio dos seus ritos, tornam estes indivíduos mais ativos e atuantes. Nesta perspectiva, a vida coletiva se organiza em potentes bases morais uma vez que o homem se direcionará por forças ocultas. A religião representa a própria sociedade idealizada, reflete as aspirações para o bem, o belo, o ideal e também incorpora o mal, a morte, e mesmo os aspectos mais repugnantes e vulgares da vida social. Ao exteriorizar sentimentos comuns, as religiões são também os primeiros sistemas coletivos de representação do mundo – cosmologias. A ideia de sociedade é a alma da religião, sendo uma expressão resumida da vida coletiva. Em Weber, Dubar (2006) identifica um tipo construção sociológica da identidade, a racionalização. Weber não utiliza a palavra identidade, mas fala da análise compreensiva da ação humana a partir do seu significado subjetivo. A partir das grandes religiões universais tem-se o “momento essencial da racionalização religiosa‟ (p, 33)”. Para Weber, o que irá caracterizar em “grande parte as primeiras formas comunitárias da história humana será o domínio do pensamento mágico” (p. 31). A ideia é a de que as “formas comunitárias designam as relações sociais fundadas sobre o sentimento subjetivo de pertença a uma mesma coletividade” (p. 31). Junto a esse processo de racionalização tem-se a ideia da forma reflexiva – um jeito de “identificação que consiste em investigar, argumentar, discutir, propor definições de si próprio fundados na introspecção e na procura dum ideal moral” (p, 34). Esta forma reflexiva nasce das formas comunitárias. O processo de racionalização a que Weber se refere está no significado que o indivíduo atribui às suas ações orientadas por um motivo, por um sentido. A religião torna-se cada vez mais a orientação das pessoas como uma moral de conduta a ser seguida em suas vidas cotidianas que as guiam para uma racionalização de comportamentos. A emergência do capitalismo moderno junto à racionalização religiosa gera o tipo social do puritano Calvino, um sujeito que quer atingir a salvação eterna pelo êxito da sua empresa. Para Dubar (2006), a dominação como exploração econômica e a exclusão societária irá emergenciar a luta de classes e gerar uma nova forma de identidade inédita. Frente a estas fundamentações iniciais, indaga-se: Seria a contemporaneidade um dos motivos para que o indivíduo retirasse sua vida de forma autônoma? E como a religião se insere nesse contexto? como as formas identitárias construídas pelo trabalho pode interferir no processo da ideação, tentativa e suicídio? Seguem algumas possibilidades de tendências teóricas que serão absorvidas com o intuito pensar o suicídio a partir de debates já iniciados em algumas ciências, com pretensões interdisciplinares, bem como, dados representativos sobre o suicídio no Brasil. As vertentes teóricas norteadoras desta pesquisa estão direcionadas por pensadores voltados às reflexões sociológicas a princípio e poderão se estender a outros. Toma-se como uma das referências conceituais norteadoras desta proposta de pesquisa a subjetividade inserida na perspectiva teórica metodológica de Max Weber, quando trata da ação social definida uma “ação que, quanto ao seu sentido visado pelo agente ou os agentes. Refere-se ao comportamento dos outros, orientando-se por este em seu curso”. (WEBER, 2004, p. 3). O sentido possui, portanto, um papel essencial na linha de pensamento de Weber, sendo enfatizado seu caráter subjetivo. A religião, conforme a linha de pensamento de Max Weber constitui uma individualidade histórica rica e complexa, com possibilidades de vários conteúdos e significados. Conforme cada religião tem-se a possibilidade de racionalização da conduta social. Pensa-se o Cristianismo, como uma religião ocidental, que desemboca essencialmente no ascetismo, onde os indivíduos participam dos processos do mundo, sendo um ascetismo negador do mundo ou um ascetismo orientado para o mundo, secular ou intramundano. Outra perspectiva teórica escolhida como diretriz para este trabalho refere-se à de Pierre Bourdieu. Para Bourdieu, no social tudo é relacional. As implicações desse postulado teórico têm sido valiosas, na medida em que coloca o pesquisador em condições de perceber com maior rigor as características específicas dos objetos de estudo. A importância atual da sua sociologia está ligada a rupturas com as correntes intelectuais dominantes e uma confluência da herança legada pelos pioneiros da sociologia. Um dos seus conceitos centrais e fundamentais para o intuito principal desta proposta de pesquisa que é a discussão sobre o entendimento da relação entre suicídio e religião e suas vertentes sociológicas analíticas é o Habitus. Logo, um conceito em que se permite compreender a maneira como o homem se torna um ser social. Vejamos sua definição pelo autor: Os condicionamentos associados a uma classe particular de condições de existência produzem habitus, sistemas de disposição duradouros e transponíveis, estruturas estruturadas dispostas a funcionar como estruturas estruturantes, isto é, como princípios geradores e organizadores de práticas e representações que podem ser objetivamente adaptadas ao seu objetivo sem supor a visada consciente de fins e controle expresso das operações necessárias para atingi-los, objetivamente reguladas e regulares, sem ser em nada produto, coletivamente orquestradas sem ser o produto a ação orquestrada de um maestro. (BOURDIEU, 2003, p. 76) Os sistemas de disposições duradouras conforme referenciado acima são adquiridos durante o processo de socialização do indivíduo. A vida em sociedade supõe que o indivíduo seja socializado. O Habitus é essencialmente a grade de leitura pela qual percebemos e julgamos a realidade, é o produtor de nossas práticas. Define a personalidade do indivíduo. Temos, portanto, o habitus primário – família, educação ligada a uma posição de classe e o habitus secundário – escola; Tornam-se produto de nossas experiências passadas e presentes, sendo ele não congelado. O habitus garante a regulação da vida social e é um fator de reprodução social, como nos demonstra que, o homem é um ser social, que os comportamentos que lhe parecem mais naturais, como que inatos, são, na verdade, apenas o produtos de múltiplas aquisições socais: a personalidade individual é apenas uma variante de uma personalidade social constituída na e pela filiação a uma classe social. Sem segundo lugar, permite compreender a lógica das práticas coletivas e individuais, aquele sentido do jogo social, que nos permite agir em diferentes campos. Também explica os mecanismos da reprodução social: por interiorização da exterioridade e pela exteriorização da interioridade. . (BOURDIEU, 2003, p. 91) A Religião compõe conforme Bourdieu (2003, p. 12-13) os sistemas simbólicos como estruturas estruturantes, pois, são já, sistemas estruturados na sociedade conjuntamente com suas ideologias. Estes sistemas simbólicos distinguem-se fundamentalmente conforme seja produzidos e, ao mesmo tempo, apropriados pelo conjunto do grupo ou, pelo contrário, produzidos por um corpo de especialistas e, mais precisamente, por um campo de produção e de circulação relativamente autônomo: a história da transformação do mito em religião (ideologia) não se pode separa da história da constituição de um corpo de produtores especializados de discursos e de ritos religiosos, quer dizer do progresso da divisão do trabalho religioso, que é, ele próprio, uma dimensão do progresso da divisão do trabalho social (...) As ideologias desenvolvidas, portanto, nos sistemas simbólicos são “duplamente determinadas: elas devem as suas características mais específicas não só aos interesses das classes ou das fracções de classe que elas exprimem, mas também aos interesses específicos daqueles que as produzem e à lógica específica do campo de produção (...)”. (BOURDIEU, 2003, p. 13) No desenvolver destas ideologias, ocorre a imposição “de sistemas de classificação políticos sob a aparência legítima de taxinomias filosóficas, religiosas, jurídicas...” (BOURDIEU, 2003, p. 14). Portanto, os sistemas simbólicos possuem sua força respaldada idelogicamente em manifestações de formas “irreconhecíveis de relações de sentido”. (BOURDIEU, 2003) Disto resulta a aplicação, conforme o mesmo autor, do poder simbólico, poder subordinado e irreconhecível, assumindo o caráter de violência simbólica, desconhecida por quem a recebe como uma violência, dispostas em formas variadas de imposição de ideias preconcebidas ou crenças estabelecidas. Numa discussão preliminar pode-se indicar a religião como um dos elementos que participa do habitus dos indivíduos1 , bem como as próprias motivações ao Suicídio. A própria religião é um sistema institucionalizado de valores e normas que são inculcadas ou não no ou pelo indivíduo e devolvidas por ele à sociedade, podendo ser reformuladas ao longo de sua vida. A partir disso hipotetiza-se: caso a religião esteja consolidada em algum momento no habitus do indivíduo, qual o nível de estruturação esta religião possui para este indivíduo? A religião pode ser percebida como um poder simbólico, expresso como uma violência simbólica, a qual em sua essência está mascarada nas relações as quais os indivíduos participam? Uma próxima tendência teórica, a qual se pretende apropriar-se está relacionada à de Emile Durkheim que procura em suas construções teóricas, comprovar os princípios que fundamentam sua concepção de sociedade, sendo para ele, a soma dos indivíduos que a constituem, não tendo valor moral superior à soma do valor moral de cada um de seus elementos. A sociedade é para este sociólogo, a melhor parte de nós, pois, o homem só se torna humano ao viver em sociedade, ao sair deixa de sê-lo e para adquirir humanidade é indispensável supera-se, dominar as próprias paixões, considerar os interesses dos outros que não os próprios, adquirirem 1 Os indivíduos referem-se aos indivíduos que tiveram ideação suicida, tentativa de suicídio e/ou praticaram o suicídio. virtudes do sacrifício, da privação, e a subordinação de seus fins individuais a outros mais elevados (QUINTANEIRO, 2009). No pensamento deste autor, a moral ocupa um papel essencial na construção desta consciência coletiva, ao ser “um sistema de normas de conduta que prescrevem como o sujeito deve conduzir-se em determinadas circunstâncias”. (QUINTANEIRO, 2009) A religião é inserida nesta perspectiva, pois é na visão Durkheimiana constituída por um sistema solidário de crenças e de práticas relativas às coisas sagradas, crenças comuns a todos aqueles que se unem numa mesma comunidade moral chamada Igreja. Dessa forma “é a sociedade, então, que envolve os indivíduos nos fenômenos religiosos e que, por meio dos ritos, torna-se mais viva e atuante nas suas vidas. Os homens sentem que algo fora deles renasce desperta: é a parcela do ser social contida em cada um que se renova”. (QUINTANEIRO, 2009, p. 96) A religião representa a própria sociedade idealizada, reflete as aspirações para o bem, o belo, o ideal e também incorpora o mal, a morte, e mesmo os aspectos mais repugnantes e vulgares da vida social. Ao exteriorizar sentimentos comuns, as religiões são também os primeiros sistemas coletivos de representação do mundo – cosmologias. A ideia de sociedade é a alma da religião, sendo uma expressão resumida da vida coletiva. Os fenômenos religiosos segundo Durkheim (1996) se fazem de duas formas: crenças, que são estados de opinião, representações, e os ritos, que exprimem modos de conduta. Aqui, entendemos a religião como fenômeno social e antropológico. A sociedade envolve os indivíduos no fenômeno religioso e por meio dos seus ritos, tornam estes indivíduos mais ativos e atuantes. Nesta perspectiva, a vida coletiva se organiza em potentes bases morais uma vez que o homem se direcionará por forças ocultas. Concomitante aos fenômenos religiosos tem-se o desenvolvimento de um fenômeno cada vez mais crescente – o suicídio – que por sua vez, é temática muito debatida por este sociólogo, o qual nos orienta como sendo todo caso de morte que resulte direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, sabedora de que devia produzir este resultado (DURKHEIM, 1982). É um ato conforme o mesmo autor, resultado de uma sociedade que perdeu seus valores tradicionais, seus objetivos, sua identidade. A religião e o suicídio, portanto, são dois acontecimentos ocorridos em sociedades pelo envolvimento dos indivíduos. Tendo em vista este pensamento é possível se pensar com se dá a estruturação do indivíduo na sociedade. A educação é apontada por Rodrigues (2007) como um elemento da vida social responsável pela organização da experiência dos indivíduos na vida cotidiana, pelo desenvolvimento de sua personalidade e pela garantia da sobrevivência e do funcionamento das próprias coletividades humanas. Ela está, portanto, inserida na formação humana. O mesmo autor indica a religião como elemento que possui função social fundamental e está constituída na estrutura social: desenvolver moralidade no indivíduo que é membro de uma determinada sociedade. Cientificamente olhada assim, vislumbramos nas práticas dos indivíduos uma realidade: são muitos aqueles que cada vez mais se integram a uma religião. E a grande questão se levanta: como a religião tem se relacionado com as práticas humanas que contrariam a vida, sendo esta, num olhar sociológico, formadora de moral social. Pois bem, nisto indagamos: Tendo a religião um papel moral na formação do indivíduo, como contemporaneamente a religião tem participado em sua formação? A religião possui força para limitar o desejo, a tentativa ou mesmo o ato consumado do Suicídio no indivíduo? Até que ponto a religião contribui nesta formação? Podemos atribuir à religião um papel social? Qual relação pode ser pensada entre a religião e as novas proposições de sociedade e comportamentos das realidades modernas emergentes? Tendo em vista novos acontecimentos na realidade social como atitudes que levam a morte, qual relação pode ser compreendida entre a religião e a proposta de construção da vida humana? Se há interferências religiosas, como explicar o aumento de práticas humanas de aversões à vida: do eu e do outro? Podemos tratar a ideação, tentativa e o suicídio como formas de violência? Há se considerar para entendimento desta relação entre religião e suicídio, o cenário construído e vivido pelos indivíduos desta geração: território moderno, industrial, tecnológico e capitalista. Ao refletir o sujeito pós-moderno encontra-se, segundo Hall (2006) um sujeito sem uma identidade fixa, essencial ou permanente, sendo definida de forma histórica e não biológica. O processo formado da Modernidade influenciou diretamente na construção da identidade dos indivíduos. Marx e Engels (1998) concebem a modernidade como um “permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos”. Seu significado neste pensamento gira em torno da ideia da modernidade como movimento que dissolveu as relações fixas e congeladas, desmanchando-se, formando sociedades de mudança constante, rápida e permanente, com traços de descontinuidades, conceito muito expresso em Giddens (1990), com identidades deslocadas e não unificadas e coerentes. Neste contexto da modernidade teve-se o surgimento de uma forma nova e decisiva de individualismo, no centro do qual se formou uma nova concepção de sujeito individual e sua identidade. Com as transformações vindas da modernidade o indivíduo pode-se libertar de muitos dos seus apoios estruturais tradicionais. Como marco pode-se referir ao Humanismo Renascentista do século XVI e o Iluminismo do século XVIII que incentivaram o desenvolvimento do indivíduo soberano. Isto representou uma ruptura importante com o passado. Permite-se entender a partir dos pincelamentos teóricos apontados a condição moderna a qual o sujeito contemporaneamente tem se submetido, aos processos históricos e circunstâncias que deve vivenciar, abre-se possibilidades de análises quanto à possível influência destas na geração construída atualmente no desejo de matar-se e sua hipotética concretude, levando em consideração o argumento de Hall (2006) de que, não se pode falar em identidade acabada, mas sim, num processo de identificação, um processo em andamento. Será possível verificarmos na vontade, na tentativa e no ato do suicídio uma mola propulsora do momento histórico modernidade para tal? A modernidade que se apresenta neste momento como uma conjuntura legitimada por muitos e já consolidada em vários de nossos jeitos de viver, possui poder de interferência na construção da identidade dos indivíduos ao limite de possibilitar a vontade, tentativa e mesmo o ato suicida? A identidade Cultural construída na pós-modernidade compreendida por Stuart Hall (2006) ou mesmo na Modernidade entendida por Anthonny Giddens, (1991) tem sido partícipe na ideação, tentativa ou ato consumado do suicídio, como mola propulsora para tal?
Coordenadora: Profa. Geruza Silva de Oliveira Vieira
Período: 01/05/2023 a 01/05/2026
DA BIBLIOTECA À FARMÁCIA I: base teórica e literária
Resumo: O projeto visa criar um novo espaço de pesquisa e discussão sobre a intersecção entre literatura e saúde. Trazendo à baila o estudo sobre a biblioterapia e como o texto literário, tradicional e mediúnico/psicografado, pode ser um recurso terapêutico. Objetiva-se a busca por textos literários com potencial biblioterapêutico para, além de estudos teóricos, criar um repositório para pesquisas futuras e ações de extensão em hospitais, por exemplo. O projeto almeja trazer contribuições teóricas a um campo de escassa pesquisa no Brasil, com publicações e apresentações em eventos acadêmicos. Para tanto, pautamo-nos nos pressupostos de Gallian (2017), Miranda (2006), Leite (2019) e Rosa (2006) para embasar teoricamente o projeto.
Coordenador: Prof. Dílson Cesar Devides
Período: 02/12/2024 a 30/11/2027
Projeto de Pesquisa: Políticas educacionais de inclusão social e a Interculturalidade em questão: uma análise da Universidade Federal do Mato Grosso.
A educação superior brasileira é um campo de vastas oportunidades para discussões e pesquisas, visto que se trata de um sistema ainda em consolidação no país. Os desafios que surgem nesse ambiente, perpassam desde acesso, equidade (expandir a disponibilidade e assegurar condições de acesso mais justas), qualidade (assegurar a excelência na educação dos alunos), diversificação de oferta de cursos, qualificação docente (assegurar a formação adequada dos profissionais da educação), financiamento, entre outros (Neves, 2007).
O objetivo geral da pesquisa é analisar as políticas públicas de inclusão de estudantes autodeclarados pretos, pardos, quilombolas, indígenas, mulheres, transexuais, travestis, estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades numa perspectiva da interculturalidade crítica em cursos de graduação na Universidade Federal do Mato Grosso/Campus Araguaia.
Os objetivos específicos:
Apresentar um panorama sobre as políticas públicas educacionais brasileiras com foco na promoção da inclusão educacional e na diminuição das desigualdades de gênero, raciais, socioeconômicas e educacionais;
Conhecer as percepções dos atores sociais da educação superior sobre a eficácia das políticas sociais no contexto da instituição selecionada;
Analisar os discursos sobre interculturalidade crítica e decolonialidade nos documentos oficiais da UFMT (Campus Araguaia). Trata-se de um projeto de pós doutorado.
Coordenação: Prof. Fabiane Aparecida Santos Clemente Salles (fabiane.clemente@ufmt.br)
Vigência: 16/05/2025 a 15/05/2026
Protocolo de aprovação do Comitê de Ética (CAAE): 86403825.5.0000.5587
COMPETÊNCIAS E INTERCULTURALIDADE NA EDUCAÇÃO: NUANCES DA LITERATURA BRASILEIRA
Os temas interculturalidade e competências na educação superior latino-americana permeiam espaços de luta e resistência cada vez mais evidentes no campo científico. As discussões acerca de uma interculturalidade crítica associada à competências bem como a construção decolonial do pensamento ressalta o termo “outro” como destaque nas narrativas analisadas. A partir disso, busca-se desenvolver uma pesquisa bibliográfica, com técnicas diversas de revisão de bibliografia, como Estado do Conhecimento, Revisão Sistemática, adotando protocolos como PRISMA, ATD, na busca de reflexões sobre os estudos que envolvem os construtos, a partir dos conceitos e a relação entre eles nas produções brasileiras.
Coordenação: Profa. Fabiane Aparecida Santos Clemente Salles
Período: 01/09/2022 a 31/08/2025
Grupo de Pesquisa GCIE: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/3833725076876113
PUBLICAÇÕES:
Artigo: Competências interculturais decoloniais na educação superior brasileira: o início de uma trajetória conceitual.
- Acesso: https://periodicos.unemat.br/index.php/reps/article/view/10765

Artigo: Instrumentos de avaliação de competências interculturais na educação superior: um mapeamento sistemático
- Artigo aprovado para publicação em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/riesup
Ebook: INTERCULTURALIDADE E DECOLONIALIDADE: vozes brasileiras
- Ebook para download gratuito: https://www.pimentacultural.com/livro/interculturalidade-decolonialidade/
Ebook: Mapeamento de estudos sobre competências interculturais na educação superior
- Ebook para download gratuito: https://www.rfbeditora.com/ebook-2025/d8cbec37-db52-4a6a-a267-b28b1bbb20f4?srsltid=AfmBOopTh-_BHyeWaD0aMXQM5av9jQGTWe_zbe2V2ih4k1j2RR62KMcu
Diretório CNPq/UFMT: GEPPOCON – Grupo de Estudo e Pesquisa em Poesia Lírica Contemporânea

O Diretório CNPq/UFMT, o GEPPOCON - Grupo de Estudo e Pesquisa em Poesia Lírica Contemporânea, é uma das ações do projeto de pesquisa “A tradição do Agora”: a tradição e a ruptura na configuração da poesia lírica contemporânea portuguesa e brasileira”. O grupo está relacionado à área dos Estudos Literários e se concentra, principalmente, na análise e reflexão de obras poéticas mais recentes da literatura. O projeto é integrado ao curso de Letras, Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia (UFMT-ICHS-CUA), desenvolvido pelo prof. Dr. Junior César Ferreira de Castro, fundador e líder do grupo.
Entende-se por contemporaneidade a relação singular do indivíduo com o seu tempo e que, na concepção de Agamben (2009), consegue intervir na sua sombra não deixando se cegar pela luz do século.
O objetivo é identificar os elementos temáticos e estéticos que compõem a forma e conteúdo da nova poesia ou, segundo Gastão Cruz (2003), da poesia nova produzida no Brasil, em Portugal e nos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP). Apesar de se concentrar na lírica, o grupo aceita integrantes que se interessam pela narratologia (contos e romances) ou obras voltadas ao hibridismo intergênero, visto que a discussão está em torno das produções poéticas atuais. As pesquisas são destinadas tanto a professores universitários, acadêmicos e pesquisadores quanto a docentes e alunos da educação básica que se encantam pela literatura e com a escrita criativa. Os trabalhos estão centralizados na publicação de artigos, capítulos de e-books e livros autorais, sobretudo, de aproximar a comunidade em geral ao texto literário através das “Quintas Poéticas”, uma revista eletrônica verbivocovisual que desenvolve a declamação/oralização de poemas.
Os encontros são realizados às quintas-feiras, das 17h30min às 19h, de forma quinzenal na modalidade híbrida (presencial no bloco de Letras e com transmissão online aos participantes residentes em outras cidades e estados).
Para integrar ao grupo, basta entrar em contato tanto por meio do e-mail institucional: junior.castro@ufmt.br ou pelo Instagram: @geppocon_ufmt.
Coordenador: Prof. Dr. Junior César Ferreira de Castro
Variação Fonética-Fonológica da Libras no Estado de Mato Grosso: Um Estudo Exploratório e Bibliográfico
RESUMO: A Língua Brasileira de Sinais (Libras) obteve o seu reconhecimento oficial no Brasil com a promulgação da Lei nº 10.436/2002, sendo reconhecida como a língua da comunidade surda brasileira. Como toda língua, a Libras segue os parâmetros linguísticos que lhe são subjacentes, o que implica na presença de variação linguística. Diante disso, o presente projeto de pesquisa tem como objetivo analisar as variações linguísticas presentes na Libras no estado de Mato Grosso. Através de um estudo exploratório, pretendemos compreender e descrever as diferentes formas de comunicação em Libras nessa região, a fim de contribuir para um maior conhecimento das peculiaridades linguísticas presentes na comunidade surda do estado. Para a coleta de dados utilizaremos vídeos disponiveis no YouTube e redes sociais. Os resultados deste estudo poderão fornecer subsídios importantes para o desenvolvimento de políticas e práticas educacionais inclusivas, bem como para o enriquecimento do campo de estudos sobre a Libras e a surdez no contexto mato-grossense.
Coordenadora: Profa. Jéssica Rabelo Nascimento
Período: 01/10/2023 a 31/05/2026
Mapeamento das Pessoas Travestis/Trabalhadoras do Sexo no Estado de Mato Grosso – ume estudo na perspectiva Decolonial e Transnecropolítico.
Esta investigação de tipo survey, mas também com enfoque de análise qualitativa, visa sistematizar um conjunto de informações referentes ao mapeamento de pessoas Trans no Estado de Mato Grosso. Tomando-se como indagações iniciais do quão diversificada é a população trans, distinta por marcadores raciais, religiosos e geracionais; de quais são suas condições de acesso à educação, à moradia digna, ao trabalho e ao acesso à saúde; de como estão sujeitas às situações de violência física, moral e verbal em ambientes domésticos e públicos; Respostas a esses questionamentos traçarão um perfil quantitativo das condições de vivência de pessoas trans no estado de Mato Grosso, o que permite dentro de uma perspectiva de análise decolonial e transnecropolítico, propor a elaboração de políticas públicas de atenção a esse público, podendo ser gestada tanto pelo estado, como por ONGs.
Coordenador: Prof. Luís Antonio Bitante Fernandes
Período: 01/06/2024 a 31/05/2027
Parâmetros sociolinguísticos e culturais para produção e avaliação de materiais de ensino para escolas indígenas.
RESUMO: Este projete de pesquisa delimita alguns parâmetros sociolinguísticos e culturais a ser observados no processo de produção e avaliação de materiais de ensino para escolas indígenas. Constamos que as escolas indígenas carecem de materiais de ensino que contemplem particularidades sociolinguísticas, culturais, cosmológicas e epistemológicas dos povos/comunidades indígenas falantes de línguas diferentes do português. A situação sociolinguística de cada povo/comunidade varia amplamente de um caso a outro. No entanto, vimos que grande parte das escolas indígenas não contam com materiais de ensino apropriados e adequados ao seu contexto linguístico e sociocultural, acarretando a distribuição daqueles materiais adotados e usados em escolas não indígenas (urbanas e rurais). Neste projeto, apresentamos um protocolo que deve ser considerado na produção e avaliação de materiais de ensino mono/bilíngues, em parceria com professores indígenas, tendo em vista atender às demandas e especificidades da educação escolar indígena. Assim, esperamos contribuir para o desenvolvimento de metodologias alternativas de pesquisa que reverta a situação de escassez e carência nas escolas indígenas por materiais de ensino que auxiliem o professor em sua prática pedagógica em sala de aula.
Coordenador: Prof. Maxwell Gomes Miranda
Período: 19/04/2024 a 19/04/2026
A EDUCAÇÃO PÚBLICA BÁSICA E SEU FINANCIAMENTO
RESUMO: O projeto de pesquisa “A EDUCAÇÃO PÚBLICA BÁSICA E SEU FINANCIAMENTO” está ligado à necessidade de compreender o porquê o financiamento da educação é tão complexo, o porquê a ideia de prioridade tem a ver mais com discurso do que ação efetiva e concreta, o porquê de boa parte das políticas públicas para a educação sofrerem processos de descontinuidade, tendo em vista serem aplicadas mais como políticas de governo ao invés de se produzirem como políticas de Estado. O desenvolvimento da pesquisa tem um olhar pautado para uma abordagem histórica, alicerçada em diversas fontes que discutem a temática da educação básica pública no Brasil, se estrutura nos diversos períodos históricos e no seu desencadeamento. Tem como base a legislação educacional, em que se prioriza a compreensão dos recursos orçamentários, especificamente, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), o recurso proveniente da contribuição social do Salário-Educação, o estudo da meta 20 do Plano Nacional de Educação, as metas dos planos estaduais e municipais de educação que tratam do financiamento. A pesquisa tem como ponto de partida e de chegada a discussão sobre como o dinheiro para/da educação em todos os níveis pode chegar à escola de forma que se possa gastar com qualidade, com planejamento, com o foco, baseado em estratégias referenciadas pela ação efetiva dos governos, das instituições que representam a educação, da sociedade civil em geral. Compreende-se a necessidade de se analisar os impasses, as perspectivas político pedagógicas do financiamento da educação, suas consequências, os diálogos que precisam ser patrocinados, a inserção dos recursos em um universo de desejos, perspectivas, interesses. O objetivo geral é analisar/avaliar as políticas públicas de financiamento da educação básica no Estado de Mato Grosso, sem perder de vista as questões macro que envolvem as variantes do financiamento público em suas muitas vertentes. O referencial investigativo se baseia numa visão histórico-dialética, isto é, no materialismo histórico-dialético, que pressupõe a realidade como dinâmica e, enfatizando sua historicidade, seu movimento permanente e contraditório, expressando o jogo de forças, lutas e disputas políticas, com vistas à construção de um olhar crítico como contraponto ao discurso único. Os resultados esperados têm a ver com a decisão de que a pesquisa possa gerar um Banco de Dados sobre financiamento e Democracia, livros de autoria coletiva, artigos em revistas científicas da área de ciências humanas e sociais e participação em eventos.
Coordenador: Prof. ODORICO FERREIRA CARDOSO NETO
Período: 10/02/2022 a 20/05/2026
A EDUCAÇÃO PÚBLICA BÁSICA, A UNIVERSIDADE, A POLÍTICA, O DIREITO E O PENSAMENTO DE PAULO FREIRE: LEITURA DO MUNDO, LEITURA DA VIDA - FASE 2
RESUMO: A Educação pública básica, a universidade, a política, o direito e o pensamento de Paulo Freire: leitura do mundo, leitura da vida é um projeto de pesquisa, cuja construção em torno do pensamento freireano considera a educação um dos meios que os homens lançam mão para satisfazerem suas necessidades. Metodologicamente, as análises propostas aprofundarão aspectos gerais do capital intelectual, cultural, educacional, antropológico, epistemológico e social de nosso patrono. O diálogo proposto tem a ver com o estudo de seu legado, a educação como direito inalienável, a política como ato concreto de realizações e idealizações, a escola como espaço indutor de cidadania e inclusão social. O projeto tem como objetivo construir possibilidades de reflexão a partir da seguinte constatação: A educação é um dos principais meios de realização de mudança social, mas ao mesmo tempo provoca desigualdade. Como o processo nunca está pronto e acabado, é essencialmente dialético, pode ser reinventado, transcende a aventura humana, transformada em esperança que se fundamenta em acreditar que o ato humano de educar existe tanto no trabalho pedagógico, quanto no ato político que se trava por outro tipo de escola, por outro tipo de mundo, a educação pode ser ao mesmo tempo, movimento e ordem, sistema e contestação. A relevância da proposta assenta-se na contribuição ao campo educacional que almeja ser uma forma de intervenção no mundo consciente e dialógico, buscando aproximações teóricas do que é e do que pode ser a educação pública básica, a universidade, a política, o direito. O resultado a ser alcançado é potencializar o arcabouço teórico-prático do ser/fazer pedagógico dos educadores e educadoras.
Coordenador: Prof. ODORICO FERREIRA CARDOSO NETO
Período: 01/09/2024 a 30/09/2025
POÉTICAS E POLÍTICAS DA BRASILIDADE: GÊNERO E RAÇA NA LITERATURA DECOLONIAL BRASILEIRA
Ao inscrever as dinâmicas geopolíticas na esfera das relações entre homem e mulher, o discurso colonial instituía o binômio gênero-raça como estruturante de seu sistema de significação disjuntivo. Se o nacionalismo foi determinante para a conformação de códigos de masculinidade como a honra e o civismo (cf. MOSSE, 1985), em países com experiência colonial tais códigos foram hipertrofiados, pois o primado da remasculinização, propalado pelas lideranças políticas, autoridades militaristas e elites literárias, norteou seus projetos nacionais na formatação de papéis sociais e simbólicos de gênero. Nessa perspectiva, este projeto de pesquisa parte da premissa de que uma (est)ética da masculinidade informou expoentes do nacionalismo cultural brasileiro em sua negociação com o legado colonial. Para explorar tal hipótese, o objetivo medular do projeto consiste em examinar, em horizonte comparatista, os diferentes modos como a bidimensionalidade estética e política da masculinidade orientou escritores brasileiros na negociação com o legado colonial em sua construção literária da nação. Ciente de que, no Brasil, o Romantismo principiou um projeto literário de construção da nação, redesenhado na primeira fase do Modernismo (cf. CANDIDO, 1959), estabeleci um intervalo (1830 a 1930) que corresponde a um patamar do nacionalismo cultural brasileiro pautado na obsessão dos letrados pela ideia de formação. Como critério de seleção do corpus, a pesquisa se restringe a textos cujos autores i) sejam vinculados a um projeto de nação; ii) tenham representatividade em sua afiliação estético-política; e iii) explorem a interseccionalidade (cf. COLLINS, BILGE, 2016) entre os marcadores sociais “gênero” e “raça”. Em termos de fundamentação teórica, o projeto se inscreve na interdisciplinaridade entre os estudos pós-coloniais e os estudos de gênero, confluentes na medida em que atentam para processos de construção de identidade e alteridade entre grupos em posições de poder assimétricas. Quanto aos procedimentos metodológicos, adotarei o comparatismo literário por considerá-lo apropriado para o exame das literaturas pós-coloniais e decoloniais, notabilizadas pela interatividade tanto com tradições locais quanto com cânones das metrópoles colonizadoras.
Coordenador: Prof. Raimundo Expedito dos santos Sousa
Período: 02/07/2023 a 02/07/2026
O ENCARCERAMENTO FEMININO E SEUS DESDOBRAMENTOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA
O projeto de pesquisa, ora apresentado, propõe-se a analisar os desdobramentos ocorridos na sociedade brasileira em virtude do aprisionamento feminino Por desdobramentos entende-se os problemas decorrentes da prisão de mulheres, que na maioria das vezes são mães e responsáveis pelo sustento familiar. O estudo será desenvolvido por um grupo de pesquisa envolvendo alunos dos cursos do Instituto de Ciências Humanas e Sociais, do Campus Universitário do Araguaia, os quais irão investigar temas relacionados a problemática principal, tais como: as condições de vida nas prisões brasileiras, a maternidade no cárcere, o processo de ressocialização de mulheres pelo trabalho nas penitenciárias brasileiras, a população LGBTQIA+ no cárcere e o a defesa do desencarceramento feminino, entre outros. A pesquisa será desenvolvida na perspectiva metodológica quali-quantitativa, recorrendo-se a revisão bibliográfica e análise de dados oficiais levantados junto ao Instituto de Ciências Criminais Brasileiro (IBCCRIM), Sistema Nacional de Informações Penais (SISDEPEN), Sistema Nacional de Informações Estatísticas do Sistwma Penitenciário Brasileiro (INFOPEN). O referencial teórico para a construção do estudo pautar-se-á em autores que discutem a questão do encarceramento feminino, bem como os problemas decorrentes desses aprisionamentos, como Alba Zaluar (1993), Bruna Angotti Andrade (2011), Elaine Pimentel (2008), Jessyka Rickli e Luciana Fornazari Klanovicz (2020), Luciana Boiteux e Pádua (2013), Gabriela Lamounier (2018), Flávia Biroli (2018) e outros que estudam as questões apontadas neste projeto. Acredita-se que a realização deste trabalho viabilizará dados que favorecerão a elaboração de políticas públicas eficazes na redução/supressão do encarceramento feminino. Palavras-chave: Encarceramento Feminino; Maternidade no Cárcere; Desencarceramento feminino.
Coordenadora: Profa. Valéria Marcia Queiroz
Período: 05/12/2023 a 05/12/2025