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Acadêmico

Simpósio debate ações contra a morte materna em MT


Luiz Bezerra - Secomm UFMT
Evento na UFMT reúne especialistas, gestores e profissionais da saúde

Neste 28 de maio, Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, teve início no Teatro Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, o 1º Simpósio Mato-Grossense de Enfrentamento da Morte Materna. O evento reúne cerca de 500 participantes, entre profissionais da saúde, pesquisadores, gestores públicos e representantes da sociedade civil, para debater estratégias de enfrentamento à mortalidade materna e de mulheres em idade fértil no estado. 

Representando a reitora da UFMT, a professora da Faculdade de Nutrição e atual coordenadora de Meio Ambiente da Secretaria de Direitos Humanos (SEDH) Loanda Maria Gomes Cheim, destacou a gravidade da mortalidade materna em Mato Grosso, que registra cerca de 65 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos, superando a média nacional de 50. “Receber um evento como este é ratificar o compromisso que assumimos na construção de uma universidade que investiga e conhece a realidade da população à sua volta”, afirmou.

A professora Juliana Kabad, coordenadora-geral do 1º Simpósio Mato-grossense de Enfrentamento da Morte Materna, destacou que o evento foi idealizado como um espaço coletivo de escuta, troca e construção de estratégias. “Este simpósio foi pensado para além dos muros da universidade, como um espaço de diálogo com toda a sociedade sobre um tema urgente e muitas vezes silenciado, que é a morte de mulheres gestantes”, afirmou. Com mais de 360 inscritos e representantes de 80 municípios, o encontro busca propor ações concretas para o enfrentamento da mortalidade materna no estado.


Ela ressaltou ainda que o evento só se tornou possível graças à articulação entre diversos parceiros institucionais. “Contamos com o apoio fundamental da UFMT, das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, do Hospital Universitário Júlio Müller, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Assembleia Legislativa e da Sociedade Mato-grossense de Ginecologia e Obstetrícia”, pontuou. 

A professora  Haya del Bel, diretora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da UFMT, Câmpus de Cuiabá, contou que é muito significativo saber que 80 municípios estão representados no evento. “Isso mostra que o Instituto de Saúde Coletiva chegou à maior parte do estado — e, ao virem até aqui, vocês também chegam à nossa universidade”, afirmou. Ela enfatizou o compromisso institucional com a transformação social por meio do conhecimento científico: “Nossa obrigação política e social é trabalhar pela sociedade mato-grossense e brasileira. O tema da pesquisa denuncia o compromisso deste instituto: compromisso com a vida e com as mães”, finalizou.

Políticas Públicas e transformação social

Também presente no dispositivo de abertura, o deputado estadual Dr. João José de Matos destacou a importância do simpósio organizado pela UFMT, ressaltando seu papel em trazer maior visibilidade ao tema da mortalidade materna. “É um evento no momento muito bom, muito propício, pois temos registrado mortes prematuras de gestantes em todo o Estado”, afirmou. Ele ressaltou que durante o simpósio serão discutidos temas essenciais, como o diagnóstico e o pré-natal adequados, além da necessidade de treinamento e conscientização dos profissionais de saúde. Segundo o deputado, “é fundamental que possamos preservar a vida das gestantes no Mato Grosso, evitando a perda de mulheres jovens que têm morrido prematuramente.”



Lucimar Aparecida, coordenadora da Atenção Básica do município de São Pedro da Cipa — que fica a cerca de 140 km de Cuiabá — destacou a importância do simpósio para o aprimoramento dos trabalhos locais no enfrentamento da morte materna. “Estamos aqui prestigiando esse evento maravilhoso, que é um tema muito importante para os nossos trabalhos na Secretaria de Saúde”, afirmou. Apesar do município ser pequeno e ter uma demanda reduzida, Lucimar ressaltou a relevância do aprendizado contínuo: “É sempre bom aprendermos um pouco mais para sabermos lidar com essa situação, que pode acontecer em qualquer município, seja de pequeno ou grande porte.”

Milton Mattos da Silveira Neto, promotor de justiça do Ministério Público de Mato Grosso, ressaltou a preocupação com os dados sobre mortalidade materna e a necessidade de cobrar das autoridades políticas públicas eficazes. “Fiquei muito preocupado com os dados alarmantes sobre a morte materna”. Ele destacou a importância da qualificação dos profissionais de saúde e do acesso aos exames e medicamentos essenciais no pré-natal, lembrando que “não faltam leis no Brasil para proteger a gestante". O que está faltando são políticas públicas eficazes e que chegam na ponta.” Finalizou pedindo que o simpósio ultrapasse o meio acadêmico e ajude a salvar vidas na prática.

Maria Célia Braga, enfermeira de Peixoto de Azevedo, percorreu mais de 600 km até Cuiabá para participar do 1º Simpósio Mato-grossense de Enfrentamento da Morte Materna. "Para a gente, é muito importante estar aqui participando porque o Mato Grosso é um estado muito grande e, às vezes, a gente fica sem saber o que está acontecendo no estado todo", afirmou. Ela destacou a importância do monitoramento para identificar falhas e evitar mortes maternas. "Estamos fazendo várias ações voltadas à atenção básica, cuidando da mãe, do bebê e do pré-natal."



Renata Souza Reis, médica ginecologista e coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde, destacou a complexidade da mortalidade materna e a importância da articulação entre diversos setores. “Se não olharmos para as interações sociais, não conseguimos avançar”, afirmou. Ela anunciou a criação do Comitê Nacional de Prevenção da Mortalidade Materna, Fetal e Infantil, publicado no Diário Oficial neste 28 de maio, Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. “O plano nacional foi retomado após anos de abandono e será monitorado diretamente pelo ministro da Saúde.” Renata reforçou o papel ético e político dos profissionais: “Sobreviver é o mínimo; as mulheres merecem uma vida plena e digna.”

Também compuseram a mesa de abertura do 1º Simpósio Mato-grossense de Enfrentamento da Morte Materna a professora Francine Nesello Melanda, representando o projeto de pesquisa sobre mortalidade de mulheres em idade fértil e materna em Cuiabá e Mato Grosso; Aglâer Alves da Nóbrega, coordenadora de Vigilância e Verificação do Óbito do Ministério da Saúde; Dra. Lúcia Helena Barbosa Sampaio, secretária municipal de Saúde de Cuiabá; enfermeira Deisi de Cássia Bocalon Maia, secretária de Saúde de Várzea Grande; Profa. Antonieta Luísa Costa (Nieta), presidente da Casa das Pretas e do Instituto de Mulheres Negras em MT; e a Profa. Ana Amélia do Nascimento Cunha da Rosa, representante da Sociedade Mato-grossense de Ginecologia e Obstetrícia.

PROGRAMAÇÃO 

Embora parte da programação do 1º Simpósio Mato-Grossense de Enfrentamento da Morte Materna seja restrita a inscritos previamente, algumas atividades seguem abertas à participação da comunidade interessada. As sessões realizadas no Teatro Universitário da UFMT, na manhã e tarde do dia 28, estão acessíveis a ouvintes que queiram acompanhar os debates e paineis. 

Já as oficinas técnicas, marcadas para o fim da tarde do dia 28 e manhã do dia 29, são exclusivas para grupos previamente inscritos. No entanto, o encerramento do simpósio — com a leitura da carta de compromisso e a apresentação das resoluções das oficinas — ocorrerá também no teatro e será aberto a todos os interessados, a partir das 16h do dia 29. 

Saiba mais na página do evento,  e-mail mmaterna.ufmt@gmail.com ou perfil no Instagram @mmaterna_ufmt



Por: Luiz Carlos Bezerra - Jornalista


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