O Instituto de Saúde Coletiva, por meio de sua Congregação, manifesta publicamente solidariedade ao servidor atuante na Saúde Pública de Cuiabá, o sanitarista Thiago Munhoz, em razão da violência sofrida recentemente em seu local de trabalho – a Unidade Básica de Saúde do Parque Atalaia.
É importante destacar que o campo da saúde pública impõe desafios significativos a gestores e profissionais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Nesse contexto, são justamente os servidores e servidoras – profissionais que se colocam como agentes de transformação social – os responsáveis por concretizar, com compromisso e dedicação, os ideais do sistema de saúde, garantindo a execução cotidiana de serviços essenciais e estratégicos para a população.
Nos últimos tempos, no entanto, condutas desrespeitosas – e, por vezes, desonestas – por parte de gestores do executivo e de políticos com atuação na Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa e outros espaços de poder, têm contribuído para a produção de um ambiente de medo e insegurança nos serviços públicos de saúde da capital. Dentre os episódios recorrentes, destacam-se as invasões de unidades de saúde por políticos munidos de câmeras, que expõem os profissionais em seus locais de trabalho – recepção, consultórios médicos, laboratórios, salas de repouso, entre outros – responsabilizando-os, de forma injusta, por filas, dificuldades de acesso, atrasos na realização de exames, internações e demais limitações estruturais.
Essas ações sugerem, de maneira leviana, que os servidores são “desqualificados”, “despreparados” ou “sem compromisso”, entre outros adjetivos pejorativos. Além de causar tensão, ansiedade e desestímulo entre os profissionais, tais posturas contribuem para camuflar as reais responsabilidades da gestão e da classe política, que não têm assegurado condições adequadas de trabalho, tampouco o número necessário de profissionais para garantir um atendimento de qualidade aos usuários do SUS. Ademais, o comportamento desses chamados “políticos youtubers” tem fomentado, em parte da população, a crença de que a imposição de condutas violentas ou agressivas é caminho legítimo para garantir atendimento digno.
Por fim, reafirmamos nossa solidariedade ao servidor público Thiago Munhoz, estendendo esse sentimento a todos os trabalhadores e trabalhadoras que enfrentam cotidianamente situações de assédio e violência. Reiteramos que o fortalecimento dos serviços públicos de saúde exige ações e reflexões orientadas pela intencionalidade política de produzir cidadania ativa para todos os que buscam atendimento.
Congregação do Instituto de Saúde Coletiva