Pós-graduação: os desafios do ingresso e permanência 

UFMT oferta mais de 40 programas em diversas áreas do conhecimento 

A pós-graduação é sem dúvida necessária para os que desejam manter-se qualificados e preparados para as demandas de um mercado cada vez mais exigente e em transformação. Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a oferta é de mais de 45 cursos de pós-graduação “lato sensu”, como as especializações, residências médicas e multiprofissionais, e mais de  40 programas de mestrados e doutorados, profissionais e acadêmicos nas áreas de ciências humanas, sociais, exatas e outras.

Entre eles está um dos mais antigos da UFMT, o Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE), que iniciou as suas atividades no ano de 1988. “Era um período em que a formação de professores (as)  no estado de Mato Grosso ainda era muito precária. A sua inserção regional foi decisiva para iniciar a formação desses profissionais das redes públicas básica e superior em nível de mestrado e doutorado”, explicou a coordenadora do PPGE, professora Terezinha Fernandes Martins de Souza.

Por outro lado, o Pós-graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM), que iniciou suas atividades letivas em agosto de 2020, é um dos mais recentes PPGs da UFMT, e o  pioneiro em Comunicação do Estado. “Ele surgiu com o objetivo de formar pesquisadores e pesquisadoras para atuarem nas diversas instituições e centro de pesquisa do país voltados ao estudo da comunicação, mas também com o fim de oferecer a quem atua no mercado comunicacional um convite para reflexões estratégicas que possam aprimorar práticas quotidianas, a partir da construção de uma consciência crítica sobre o papel essencial da comunicação no tempo presente”, explicou o coordenador Bruno Bernardo de Araújo.

No mais de 40 PPGs da UFMT, o tronco comum é a contribuição para o desenvolvimento local e regional, o que para a coordenadora do PPGE alinha a formação de pesquisadores e profissionais para a educação. “Atuamos fortemente na dimensão da formação no tripé ensino, pesquisa e extensão em diálogo com a educação básica, considerando como pontos estratégicos a formação para a docência e a formação para a pesquisa, bem como articulando os resultados e as lacunas da formação para contribuir com a formulação de políticas educacionais”, ressaltou a docente Terezinha Fernandes Martins de Souza

Acesso e produção do conhecimento

Quanto à seleção, os PPG 's lançam seus editais no segundo semestre letivo, onde instruem sobre todos os procedimentos necessários à participação. Cada programa pode apresentar especificidades distintas. “No PPGE temos três etapas, sendo a prova escrita dissertativa sobre tema relativo à educação, arguição sobre o projeto de pesquisa e análise de currículo. Todas as etapas são realizadas pelos docentes do programa que ofertam vaga no certame, juntamente com a comissão de seleção”, destacou.

Para o coordenador do PPGCOM da UFMT, o mestrado é o lugar do questionamento e, portanto, da criação intelectual, que impacta a sociedade. “Nesse sentido, antes de falarmos das modalidades de acesso, importa compreender que todo programa de pós-graduação possui um escopo e linhas de pesquisas, em função das quais os projetos devem ser pensados”, destacou, complementando da importância de o candidato ter uma ideia de pesquisa minimamente formulada. 

“A seleção para ingresso como discente regular do PPGCOM tem acontecido, desde o início, de forma remota, para garantir que mais pessoas possam participar, inclusive aquelas que não residam em Cuiabá. O processo é, geralmente, composto por três fases: a apresentação de um projeto de pesquisa, a arguição da proposta perante uma banca e a análise de currículo”, explicou, complementando que as duas primeiras são etapas eliminatórias, nas quais o candidato deve tirar no mínimo sete pontos para ser aprovado, enquanto a última é classificatória. 

Ainda sobre a seleção, a coordenadora do PPGE orienta que é fundamental que os interessados, desde a formação inicial na graduação, possam conhecer o modo como o programa está organizado, suas linhas de pesquisa e grupos de pesquisa, os respectivos pesquisadores e as pesquisas que desenvolvem. “É possível acessar essas informações na página do programa. Essa aproximação é necessária para que as escolhas em relação ao objeto de estudo sejam mais assertivas e também de acordo com as especificidades das pesquisas realizadas no programa”, ressaltou.

Multiplicidade de temas

De acordo com Bruno Bernardo de Araújo, o PPGCOM incentiva pesquisas no âmbito da área de concentração em Comunicação e Poder. “Com isso, oferece um leque variado de perspectivas teóricas e metodológicas que ultrapassam, em muito, a noção mais costumeira de poder, que geralmente interpreta o fenômeno como algo vertical e relacionado a forças do aparelho de Estado”, ressaltou, complementando que  o Programa possui as linhas de pesquisa em Política e Cidadania e Estéticas e Narrativas, que  acolhem projetos sobre temas variados e que, de alguma maneira, se relacionam com as múltiplas possibilidades de exercício do poder em nossas vidas. 

Já a coordenadora Terezinha Fernandes Martins de Souza acrescentou que no entorno da formação do PPG envolve pensar como o próprio programa está organizado e a sua política de inovação e impacto na sociedade.  “Como aspecto positivo destacamos que o caráter interdisciplinar da educação, ao fazer a aproximação de conhecimentos, troca e diálogo com outras áreas e saberes, possibilita o alcance da comunidade em geral”, explicou, complementando que tanto para o nível de mestrado, quanto para o doutorado o programa dispõem de bolsas de estudo concedidas pela Capes, as quais os discentes podem concorrer por meio de editais internos, após estarem matriculados.

Em meio a tantas frentes de assuntos e desafios para montagem de um pré-projeto de mestrado, o coordenador do PPGCOM recomenda para aqueles que deseja conhecer melhor o Programa. “Antes de tomar uma decisão de fazer o mestrado, é possível fazer disciplinas isoladas, por meio de editais que são lançados no início de cada semestre letivo. É o que chamamos de discente especial. Ao contrário do discente regular, o especial não cria um vínculo com o Programa, fazendo apenas as disciplinas que escolher e para a qual obtenha aprovação”, indicou o docente, apontando que essa pode ser uma boa estratégia para conhecer melhor as discussões feitas na pós-graduação e inspirar-se para escrever a proposta. 

Ainda sobre os avanços na pós-graduação na UFMT, a coordenadora conta que desde 2021 há política de ações afirmativas aprovada em resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) nº 197. “Nos processos seletivos de acesso, os editais dos programas reservam vagas para pessoas autodeclaradas negras ou pardas, quilombolas, indígenas, pessoas com deficiência e pessoas transexuais, trangêneros e travestis”, ressaltou.

Finalizando, Bruno Bernardo de Araújo ressaltou que o mais importante é construir uma proposta de pesquisa que seja exequível em vinte e quatro meses, “ o tempo de duração do curso, e que possuam algum grau de aderência com uma das linhas de pesquisa do Programa. Depois, é importante ler a bibliografia para preparar-se para a arguição oral”, disse, complementando outras dicas importantes, como acompanhar as informações no site e nas redes do PPGCOM, onde são compartilhadas publicações e outras iniciativas de pesquisa de docentes e discentes.