Os pequenos mamíferos e seus ectoparasitas participam da cadeia de transmissão de diferentes patógenos, podendo exercer papel de reservatórios e vetores agentes patogênicos que causam doenças. Neste contexto, carrapatos e amostras de tecidos (sangue, baço, fígado e pulmão) de pequenos mamíferos de onze diferentes municípios do Estado de Mato Grosso, Brasil, foram submetidos à extração de DNA e, posteriormente, à Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) com objetivo de amplificar um fragmento de DNA de bactérias do gênero Bartonella spp. e Coxiella burnetii, protozoários dos gêneros Hepatozoon e Ordem Piroplasmorida (gêneros Babesia e Theileria). Além disso, os carrapatos coletados de pequenos mamíferos terrestres foram submetidos a detecção molecular de Rickettsia spp. No total, 5,7, 5,34 e 0,63% das amostras foram positivas para Bartonella spp., Babesia spp. e
Hepatozoon spp., respectivamente, em pequenos mamíferos. O total de 72 carrapatos foi identificado e DNA de Rickettsia amblyommatis e Rickettsia belliii foram detectados em Amblyomma auricularium. Relatamos pela primeira vez em Mato Grosso: i. Bartonella spp. em morcegos Lophostoma silvicolum, Myotis nigricans, Phyllostomus elongatus e Pteronotus rubiginosus, além de um possível novo genótipo de Bartonella spp. em L. silvicolum; ii. Neacomys amoenus infectados com Hepatozoon sp.; iii. diferente morfotipo de Ornithodoros guaporensis; iv. ocorrência de argasídeo O. guaporensis no bioma Cerrado; v. ninfas de Amblyomma cajennense sensu stricto e A. auricularium parasitando roedores Thrichomys pachyurus. Portanto, importantes patógenos circulam em pequenos mamíferos silvestres no Estado de Mato Grosso e também nos carrapatos, sendo algumas espécies descritas pela primeira vez como hospedeiras por meio desse estudo.
Palvra-chave: Roedores
Agentes transmitidos por carrapatos (Acari: Ixodidae) em pequenos mamíferos silvestres não voadores na Amazônia Mato-Grossense, Brasil
Entre os seres invertebrados, os carrapatos são os maiores vetores de patógenos aos animais, e segundo grupo de ectoparasitas, a transmitirem maior variedade de patógenos aos seres humanos. Roedores e marsupiais são conhecidos por atuarem como elos ecológicos nas cadeias de transmissão de doenças transmitidas por carrapatos. Pequenos mamíferos não voadores (marsupiais e roedores) foram capturados em três municípios (Alta Floresta, Sinop e Cláudia) no bioma Amazônico do Estado de Mato Grosso, na região Centro-Oeste do Brasil. Um total de 230 espécimes (78 roedores e 152 marsupiais) foram capturados e inspecionados quanto à presença de carrapatos. Além disso, os carrapatos coletados foram selecionados para análise molecular pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para Rickettsia spp. Os tecidos dos animais (fígado, baço e sangue) foram submetidos às análises moleculares pela técnica de PCR para a detecção dos gêneros Babesia, Theileria, Coxiella, Hepatozoon, Rickettsia e agentes da família Anaplasmataceae. Os gêneros Hepatozoon e Babesia foram detectados em gambás (Didelphis marsupialis). Em contraste, todas as amostras coletadas (sangue, fígado e baço) de pequenos mamíferos foram negativas para os gêneros Theileria, Coxiella, Rickettsia e para a família Anaplasmataceae. Análises filogenéticas inferidas de sequências parciais do gene 18S rRNA destacaram novos haplótipos de Hepatozoon spp. e Babesia spp. Amblyomma cajennense sensu stricto (s.s), Amblyomma coelebs e Amblyomma scalpturatum foram positivos para Rickettsia amblyommatis, já Amblyomma humerale e Amblyomma sp. foram positivos para uma Rickettsia sp. denominada halótipo Sinop. Registramos pela primeira vez neste estudo as associações carrapato-hospedeiro entre: a) ninfas de A. cajennense s.s. e Caluromys philander; b) ninfas de A. humerale e Marmosa constantiae; c) larvas e ninfas de A. humerale e Metachirus nudicaudatus; d) larvas de A. humerale e Proechimys roberti; e) larvas de A. coelebs e M. nudicaudatus; f) larvas e ninfas de A. scalpturatum em D. marsupialis. Futuros estudos sobre a importância de gambás (D. marsupialis) nos ciclos epidemiológicos dos agentes de Hepatozoon e Babesia em condições naturais no bioma Amazônico são necessários. Além de estudos que identifiquem possíveis espécies de Rickettsia em circulação neste bioma, seus hospedeiros e implicações para a saúde animal e humana.
Estudo de fauna Helmintológica de pequenos mamíferos não voadores dos domínios fitogeográficos da Amazônia, Pantanal e Cerrado.
O parasitismo por si só é uma interação ecológica de duas espécies em que o parasito é beneficiado e o hospedeiro prejudicado na interação. Desde muito tempo os organismos parasitos de animais silvestres vêm sendo estudados tanto no contexto da sanidade animal, assim como, como no da saúde pública. Importante campo de pesquisa inclui o levantamento de parasitos de menor impacto econômico, cujos trabalhos são voltados para as consequências ecológicas e evolutivas das interações hospedeiro/parasitos e as correspondentes descrições taxonômicas.
A ecoepidemiologia das leishmanioses: levantamento de flebotomíneos em Cuiabá e investigação quanto a participação de roedores e marsupiais em Rondonópolis, Mato Grosso.
As leishmanioses são doenças zoonóticas que no Brasil apresentam a forma visceral (LV) causada pela Leishmania (Leishmania) infantum chagasi e as formas tegumentares e mucosas, causadas principalmente pela Leishmania (Viannia) braziliensis. Esta dissertação apresenta os resultados do estudo entomológico realizado em bairros de Cuiabá, objetivando identificar os flebotomíneos vetores participantes da cadeia de transmissão de LV, bem como, os resultados da pesquisa epidemiológica transversal de infecção por L. (L.) i. chagasi e por L. (V.) braziliensis em pequenos mamíferos capturados em Rondonópolis, através de métodos moleculares (PCR-RFLP).