As aves silvestres aquáticas das ordens Anseriformes e Charadriiformes são hospedeiras naturais do vírus da influenza aviária (AIV) e do vírus da doença de Newcastle. As espécies migratórias desempenham um papel significativo na disseminação intra e intercontinental desses patógenos, além de contribuírem para amplificação e manutenção viral em ambientes silvestres. A ocorrência de transbordamento viral interespécies não é incomum, portanto, o monitoramento epidemiológico que visa detectar a circulação desses vírus na avifauna é imprescindível, principalmente em locais que funcionam como sítios de escala e invernada de aves migrantes. O estado de Mato Grosso (MT), situado no Brasil Central, é percorrido por duas importantes rotas migratórias intercontinentais, onde alguns sítios de concentração aviária estão localizados em regiões periurbanas, sendo comumente observado o contato próximo entre a fauna silvestre, doméstica e seres humanos. Esse estado é composto por três biomas ricos em biodiversidade: Amazônia, Cerrado e Pantanal, nos quais já foram catalogadas 916 espécies diferentes de aves silvestres. Tendo em vista as características ecológicas do estado de MT, o objetivo desta pesquisa foi investigar indícios de atividade viral de AIV e NDV na avifauna local. Ao todo, foram testadas para ambos agentes, pela técnica de RT-qPCR 1.138 amostras de swabs orotraqueais e cloacais. Resultado positivo para Alphainfluenzavirus foi detectado em amostra coletada de uma ave silvestre pertencente á espécie Charadrius collaris, capturada na Baía de Chacororé, localizada no município de Barão de Melgaço (MT). A amostra positiva foi submetida ao equenciamento genômico (NGS), mas não foi possível obter o genoma completo para confirmação do subtipo viral. Todas as demais amostras testaram negativas para ambos agentes. O monitoramento epidemiológico na região e novas buscas deverão ser realizadas para investigação desses vírus na região do Pantanal mato-grossense.
Dissertações/Teses
Caracterização de isolados de Serratia marcescens Por Whole-Genome Sequencing
A resistência antimicrobiana originada a partir das infecções nosocomiais ocupam a quarta maior causa de óbitos no Brasil e até 2050 o número de mortes por ano pode chegar a 10 milhões em todo o mundo. O uso intensivo e indevido dos antimicrobianos resulta no surgimento de resistência em vários patógenos, reduzindo as possibilidades para o tratamento de infecções, especialmente entre agentes nosocomiais de importância clínica. Serratia marcescens vem se apresentando de forma notória por sua crescente resistência antimicrobiana e potencial para causar surtos em ambientes hospitalares. O objetivo deste trabalho foi estabelecer a presença de genes de resistência e fatores de virulência em S. marcescens causadores de um surto em um hospital terciário em Cuiabá-Mato Grosso, Brasil, por meio do teste de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e posterior sequenciamento completo do genoma (Whole Genome Sequecing – WGS) para a caracterização de amostras clonais e confirmação do surto. O perfil fenotípico evidenciou amostras resistentes a múltiplas drogas (MDR), sensíveis apenas à duas classes antimicrobianas das dez testadas. Genotipicamente, os resultados indicaram uma variedade de fatores de virulência e resistência, demonstrando a diversidade de contextos genéticos em que esses genes podem estar inseridos. O sequenciamento identificou mais de 20 genes de resistência e virulência
como Carbapenemases, β- lactamases, enzimas que hidrolizam aminoglicosídeos e bombas de efluxo, detectadas em todas as amostras. Devido a similaridade genotípica e aos dados obtidos no WGS, constatou-se que os dez isolados de S. marcescens são clonais, confirmando o surto.
Anatomia 3D – Associação de técnicas anatomo radiográficas para criação de biomodelos análogos aos biológicos
A área da anatomia associada à dissecação de cadáveres é o método comumente utilizado para estudar a morfologia topográfica das estruturas dos tecidos e órgãos que compõem o animal. Outros métodos de ensino e técnicas anatômicas vêm sendo utilizados de forma complementar para auxiliar esta compreensão. A anatomia da imagem tem sido foco do refinamento e aprimoramento de técnicas que promovam o aumento do detalhamento das estruturas anatômicas de forma não invasiva e não destrutiva. O uso de técnicas de captação de imagens utilizando radiação-X combinado com a técnica de coloração contrastada em imersão de peças anatômicas fixadas, vem possibilitando que seja registrada informações morfológicas com baixo custo e de forma acessível. Imagens médicas combinadas com técnicas de impressão 3D têm sido um diferencial para abordagens clínicas cirúrgicas e didáticas. A segmentação de estruturas anatômicas em imagens médicas para
impressão 3D de biomodelos tem se mostrado promissora em aplicações médicas. O uso de contraste a base de iodo em solução em peças anatômicas promove aumento da densidade tecidual e melhor resolução de captação da TC, ampliando o leque de possibilidades da medicina 3D. Sendo assim buscamos complementar os registros acerca desta área promissora que se mostra a diceCT com a captura de estruturas anatômicas complexas, refletindo na vantagem sobre o uso de biomodelos tanto de forma digital quanto física interativa. Neste trabalho, explicamos como digitalizar um conjunto de estruturas anatômicas em posição topográfica e como criar réplicas 3D digitais e impressas. Os biomodelos podem ser aplicados nas mais diversas áreas da medicina veterinária assim como em áreas relacionadas.
Caracterização epidemiológica de Riquétsias (rickettsia spp.) em equinos e de seus potenciais vetores na região de Ji-Paraná, Rondônia
Caracterização epidemiológica de riquétsias (Rickettsia spp.) em equinos de seus potenciais vetores na região de Ji-Paraná, Rondônia
Este estudo avaliou a infecção causada por Rickettsia spp. em equinos e carrapatos na região de Ji-Paraná, Rondônia, na Amazônia Ocidental, considerada não endêmica para a Febre Maculosa Brasileira (FMB). Um total de 400 equinos foi testado pela Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) para Rickettsia rickettsii, Rickettsia parkeri, Rickettsia amblyommatis e Rickettsia bellii. Além disso, 1103 carrapatos coletados de equinos foram morfologicamente identificados seguindo chaves taxonômicas. A soroprevalência geral de Rickettsia spp. foi de 21,75% (87/400),
distribuída nas regiões rural, urbana e periurbana do município, com destaque para esta última. Não foram identificadas amostras positivas para R. rickettsii e R. parkeri. Do total, 99,09% (1093/1103) dos carrapatos de equinos foram identificados como Dermacentor nitens, 0,54% (6/1103) como Rhipicephalus microplus, 0,27% (3/1103) como Amblyomma cajennense sensu stricto (s.s.) e 0,09% (1/1103) como Amblyomma sculptum, com os carrapatos do gênero Amblyomma notadamente presentes nas regiões urbana e periurbana. Este foi o primeiro estudo de
soroprevalência de riquétsias em equinos na região de Ji-Paraná e, com base nos resultados, há indícios da circulação de R. bellii e de R. amblyommatis (espécie do do Grupo da Febre Maculosa – GFM) nestes animais, considerados sentinelas para infecção no homem. Considerando não se tratar de área endêmica de FMB, a proporção de soroprevalência e dos vetores identificados, considera-se, para o momento, baixa a probabilidade de infecção humana na região estudada. No entanto, estudos moleculares das alíquotas de carrapatos poderão fornecer melhores conclusões.
Estudo sorológico de SARS-COV-2 em cães, gatos e animais silvestres
Em dezembro de 2019 iniciava-se um processo epidemiológico que teria consequências catastróficas ao mundo. Um vírus já conhecido pela comunidade cientifica transpassava barreiras interespécies novamente e se adaptava a um novo hospedeiro: o ser humano. Em janeiro de 2020 a OMS declarou que um novo vírus surgia na China, de acordo com informações, o ponto em comum era mais precisamente um mercado de pescados em Wuhan onde várias espécies de animais eram comercializadas. Logo o novo vírus chamado de SARS-CoV-2 se espalhou pelo mundo devido às movimentações de pessoas. Infecções naturais e experimentais em animais começaram a ser relatadas. Esse estudo procurou entender qual a prevalência das infecções naturais em cães, gatos e animais silvestres numa região em que foram confirmados 115.853 casos em humanos numa população total de 612.574 pessoas e a taxa de mortalidade alcançou 5,8 durante o período de 2020 e 2021. Um total de 762 cães, 182 gatos e 36 animais silvestres foram testados para SARS-CoV-2 pelos testes de Elisa e soroneutralização. Em cães obtivemos 33 positivos no teste de Elisa e três na soroneutralização. Em felinos, 4 foram positivos no Elisa e 3 na soroneutralização. Em silvestres todos foram negativos nos dois testes. Baseado nos dados, concluímos que cães e gatos apresentam baixa soroprevalência em uma cidade altamente afetada pela Covid-19, são necessários mais estudos de soroprevalência em animais silvestres de vida livre para que se possa compreender sua real importância e que apesar do Elisa baseado na proteínade nucleocapsídeo N ser um bom teste de triagem, reações cruzadas com outros coronavírus caninos podem estar presentes por ser uma proteína altamente conservada entre coronavírus. A soroneutralização mostrou-se eficiente para encontrar anticorpos neutralizantes.
Parâmetros hemorreológicos, hematológicos, bioquímicos e de citocinas séricas em cães naturalmente infectados por Ehrlichia canis tratados e não tratados com doxiciclina
CARDOSO, Saulo Pereira. PARÂMETROS HEMORREOLÓGICOS, HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E DE CITOCINAS SÉRICAS EM CÃES NATURALMENTE INFECTADOS POR Ehrlichia canis TRATADOS E NÃO TRATADOS COM DOXICICLINA. 2024. 90f. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Mato Grosso,
Cuiabá, 2023.
Esta tese apresenta uma avaliação da viscosidade sanguínea de cães naturalmente infectados por Ehrlichia canis antes e após o tratamento com doxiciclina, 10mg/kg, BID, por 28 dias, e as correlações desta viscosidade com parâmetros hematológicos, bioquímicos, hemorreológicos e citocinas. Foram obtidas amostras de sangue de 59 cães em Barra do Garças, MT. Os cães positivos na PCR para E. canis e negativos para Leishmania infantum e Babesia sp. foram incluídos no grupo de avaliação para EMC. Os cães negativos para E. canis, L.infantum e Babesia sp. foram incluídos no grupo de controle. Foram emparelhados dois grupos, um positivo e o outro, controle, cada um com 20 animais. O grupo pós-tratamento com doxiciclina foi composto por
sete cães. Com base nos resultados, foram desenvolvidos dois manuscritos. O primeiro avaliou o perfil hemorreológico de dois grupos de 20 cães (positivo e controle), comparando-o com os dados hematológicos e bioquímicos de proteínas e triglicerídeos séricos. A viscosidade do sangue do Erliquiose Monocítica Canina (EMC) é inferior à do grupo de controlo (p < 0,05). Os valores médios dos eritrócitos, hematócrito, hemoglobina, plaquetas e albumina dos cães infectados foram inferiores aos do grupo de controlo (p < 0,05). A diminuição dos eritrócitos influenciou a
diminuição da viscosidade do sangue (r=0,84; p<0,05), mas as propriedades tixotrópicas do sangue foram mantidas. A viscosidade do sangue correlacionou-se com as proteínas totais (r=0,51; p<0,05) e com a albumina (r=0,45; p<0,05) em cães com EMC. A albumina também se correlacionou com os eritrócitos (r=0,62; p<0,05), demonstrando sua influência no comportamento reológico do EMC. O segundo manuscrito, baseado em dados obtidos do grupo controle (N=11), e cães com EMC antes (N=7) e depois do tratamento com doxiciclina (N=7), avaliou a resposta do comportamento reológico antes e depois do tratamento com doxiciclina, comparando-a com dados hematológicos e citocinas séricas pró-inflamatórias e reguladoras.
Observou-se redução de leucócitos e linfócitos totais (p<0,05) nos cães infectados por E. canis, mesmo após o tratamento. Houve um aumento de monócitos, eosinófilos e plaquetas após o tratamento com doxiciclina (p<0,05). Houve uma diminuição do TNF α (p<0,05) e um aumento da IL 11β (p<0,05) no EMC. No EMC, a viscosidade do sangue correlacionou-se com IL 10 (r= 0,797; p<0,05) e IL 12 (r=-0,838; p<0,05). Esses dados sugerem que alterações nos leucócitos, viscosidade, níveis de IL 11β e TNF α em cães infectados por E. canis podem ser importantes biomarcadores para o diagnóstico da doença. Assim, as alterações hematológicas, principalmente nos eritrócitos, na albumina sérica e no perfil de citocinas, interferem nos parâmetros reológicos do sangue de cães com EMC.
Incidência da infecção por Leishmania Infantum em cães da Cidade de Cuiabá, Mato Grosso, entre 2021 e 2022
As Leishmanioses são doenças infecciosas não contagiosas de evolução crônica e zoonóticas de relevância mundial. O presente trabalho objetivou estimar a incidência da infecção por Leishmania infantum em cães oriundos de diferentes clinicas e hospitais veterinários de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, entre 2021 e 2022. O diganóstico foi baseado na detecção molecular do agente, inicialmente por qPCR TaqMan para detectar o kinetoplasto de Leishmania spp. seguida por testagem das amostras positivas por qPCR Sybr e endpointPCR do gene da catepsina de L.
infantum. Amostras que apresentaram disparidade entre as análises supracitadas foram testadas novamente com intuito de amplificar para fins de sequenciamento, o gene ITS de Leishmania spp. De 896 amostras testadas, 210 (23,44%) foram positivas para L. infantum pelo método qPCR TaqMan. A incidência de cães detectados com DNA de Leishmania sp., variou de 13,5% a 32,4%. A taxa de incidência da leishmaniose entre 2021 e 2022 foi de 0,23 casos por mês. A densidade de incidência foi ajustada para 234 casos a cada 1.000 cães por mês. Das amostras positivas pela
qPCR TaqMan, 134 foram confirmadas pela reação de qPCR utilizando como alvo o gene da catepsina de L. infantum. E quando este protocolo foi avaliado em reação endpointPCR foram observadas 114 amostras positivas, apresentando bandas de 223 pares de bases. Comparando com estudos anteriores na mesma região foi observada uma variação significativa nas taxas de prevalência de Leishmania Visceral Canina (LVC), que podem ser explicados por fatores ambientais e os métodos diagnósticos utilizados. A qPCR TaqMan mostrou-se mais eficaz na detecção durante todo o estudo, em comparação com o SYBR e a PCR convencional. Conclui-se que métodos diagnósticos rápidos e confiáveis são de extrema importância para controle e prevenção da LVC. Apesar de no presente estudo a qPCR TaqMan ter se mostrado mais eficaz e uma taxa de detecção maior, os dois métodos tem suas vantagens e limitações e a escolha depende nas necessidades específicas de cada estudo.
Estudo clínico genético sobre a displasia coxofemoral em cães e sua associação ao polimorfismos de nucleotídeos simples (snps) candidatos
A displasia coxofemoral (DC), caracterizada pela frouxidão anormal da articulação coxofemoral, afeta predominantemente cães de porte médio e grande. Este estudo teve como objetivo investigar a incidência de DC por meio de análises genéticas, utilizando três polimorfismos de nucleotídeo simples (SNPs) associados à doença em outras raças. Essa abordagem genética busca melhorar o entendimento da base genética subjacente à displasia coxofemoral, com implicações importantes para o diagnóstico precoce e o desenvolvimento de estratégias de manejo e tratamento mais
eficazes. Amostras de sangue total foram coletadas de 61 indivíduos, processadas para extração de DNA, amplificação por reação em cadeia da polimerase (PCR) e sequenciamento das regiões dos SNPs BICF2G630227898, BICF2G630339806 e BICF2S2459425. Os resultados revelaram que 96% dos indivíduos apresentaram o SNP BICF2G630227898, enquanto 62% e 34% possuíam os SNPs BICF2G630339806 e BICF2S2459425, respectivamente. Esses achados contribuem para uma compreensão mais aprofundada da predisposição genética à displasia coxofemoral, ressaltando a necessidade de pesquisas adicionais para identificar polimorfismos associados à condição e desenvolver diagnósticos precisos baseados em análises genéticas.
Análise eletrocardiográfica, da pressão arterial e de citocinas séricas em cães epilépticos
A epilepsia idiopática é a doença neurológica crônica mais comum em cães. Em humanos com epilepsia há maior chance de morta súbita (Sudden Unexpected Death in Epilepsy – SUDEP), contudo ainda não está esclarecido o mecanismo, mas a hipertensão arterial pode diminuir o limiar convulsivo e precipitar crises epilépticas. Ao mesmo tempo, o início das crises está relacionado com o aumento do tônus simpático que pode elevar a pressão arterial, afetar o ritmo e a frequência dos batimentos cardíacos. Estudos com animais mostram que as vias neuroinflamatórias contribuem para o desenvolvimento e progressão da epilepsia e que podem ser alvo para terapia. No geral, a neuroinflamação é uma resposta normal que ajuda a manter a homeostase, contudo, a resposta neuroinflamatória prolongada ou muito intensa pode se tornar desfavorável, levando a uma disfunção celular. Baseado nisso, se ressalta a importância de avaliar a ocorrência da epilepsia idiopática com a hipertensão arterial ou alterações de ritmo cardíaco na medicina veterinária, bem como o perfil inflamatório na epilepsia canina. Os objetivos deste estudo foram: 1) avaliar os valores de pressão arterial e achados eletrocardiográficos, além dos parâmetros hematológicos, bioquímicos séricos e urinários, e hemogasométricos em cães com epilepsia idiopática tratados com fenobarbital; 2) investigar o perfil inflamatório das citocinas em cães com epilepsia idiopática e estrutural sob tratamento em comparação com cães não epilépticos. Os valores do completo QRS e do intervalo ST foram estatisticamente diferentes entre os grupos de cães epilépticos e cães saudáveis, contudo a pressão arterial não apresentou diferença estatística. Com relação às citocinas, a
concentração sérica de IFN-γ foi significativamente diferente entre o grupo controle e cães com epilepsia estrutural. Com estes resultados, a epilepsia idiopática sugere ser uma doença que pode promover alterações na condução cardíaca e cães epilépticos apresentaram valores séricos de citocinas pro-inflamatórias reduzidos. Com base nos resultados, sugere que a epilepsia interfere na condução elétrica pelas atividades autonômicas desencadeadas durante a crise epiléptica e que os cães devem realizar acompanhamento cardiológico devido às complicações secundárias. A busca por biomarcadores periféricos em cães com epilepsia pode ajudar a identificar o papel da neuroinflamação no sistema nervoso desses animais.
Distribuição espaço-temporal dos casos de leishmaniose visceral canina atendidos em Hospital Veterinário de Cuiabá, Mato Grosso, no período de 2018 a 2023 e sobreposição aos casos humanos
A leishmaniose visceral (LV) é causada pelo protozoário Leishmania infantum. Os cães são considerados o principal reservatório da LV no ambiente urbano. A LV encontra-se em expansão e estudos de distribuição temporal e espacial são importantes para identificar fatores associados a taxa de infecção da doença. Diante disto, esta pesquisa objetivou descrever a distribuição e o perfil epidemiológico da LV canina e humana na cidade de Cuiabá, Mato Grosso, durante o período de 2018 a 2023. Estudo retrospectivo descritivo foi realizado utilizando o banco de dados do Laboratório de Leishmanioses do HOVET-UFMT, em Cuiabá, Mato Grosso. Para análise, foram utilizados os dados referentes aos métodos de diagnósticos, como o teste sorológico rápido SNAP IDEXX, e parasitológico, pela citologia de medula óssea e/ ou linfonodo, além dos aspectos clínico-epidemiológicos e referentes ao ambiente de moradia dos cães. Adicionalmente, os casos humanos de LV confirmados no município de Cuiabá foram recuperados no sistema de informação de agravos de notificação (SINAN). No período, amostras biológicas de 1400 cães foram enviadas ao Laboratório de Leishmanioses. Desses, 552 (39,4%) cães foram positivos. As variáveis epidemiológicas vinculadas aos cães e associadas ao maior fator risco de infecção foram: cães machos, sem raça definida, com permanência restrita ao peridomicílio e residente em ambiente rural. As taxas de infecção canina mantiveram-se moderada e constante entre os anos de 2018 e 2023 na cidade de Cuiabá. Os casos caninos e humanos encontram-se distribuídos por todo o município, porém, as regionais Norte e Sul detiveram maior números de casos humanos e maior risco de infecção canina em relação à regional Oeste. Ademais, o encontro de cães infectados advindos de outras cidades reforça a importância dos cães como dispersores do parasito e a necessidade de diagnóstico correto dos cães para prover medidas de controle mais eficazes no controle da disseminação da LV.
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