Aspectos macroscópicos e microscópicos de lesões cutâneas e pulmonares em tapirus terrestris (TAPIRIDAE) associadas a incêndios florestais no Pantanal Mato-Grossense

Autor: Camilo Eduardo Barcenas Olaya

Categoria(s): 2024

Palavra(s)-chave: alterações pulmonares, Anta brasileira, incêndios florestais, lesões dérmicas, Pantanal

Incêndios florestais são relativamente comuns no Brasil e trazem como uma das consequências, riscos à saúde de animais que vivem nas áreas afetadas. Em 2020 numerosos focos de incêndios
destruíram vastas áreas do pantanal atingindo milhares de animais, incluindo Tapirus terrestris, uma espécie de alto valor biológico catalogada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Entre setembro e novembro de 2020, 12 antas resgatadas com queimaduras de pele e anexos foram encaminhadas para o Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso. Dentre essas, 11 morreram e uma sobreviveu. Todas foram submetidas a avaliação da extensão e profundidade das queimaduras na pele e anexos. As que morreram foram submetidas à necropsia e amostras foram coletadas para avaliação morfológica e microbiológica. A área de queimadura de pele variou entre 2,3% e 26,15% e foram classificadas entre Grau II profunda a IV. Lesões podais foram observadas em 11 antas, notando-se queda do estojo córneo em oito. Pneumonia bacteriana ocorreu em sete antas. Verificou-se que as lesões podais em
articulações dos membros ou que causam queda do estojo córneo restringindo a movimentação compromete a sobrevivência dessa espécie. As lesões dérmicas predispõem a pneumonias bacterianas que reduzem ainda mais as chances de sobrevivência de antas vítimas de incêndios florestais.

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Aspectos morfológicos e imunohistoquímicos de tumores de glândula adrenal em bovinos abatidos em frigoríficos em Mato Grosso

Autor: Luis Jhordy Alfaro Quillas

Categoria(s): 2024

Palavra(s)-chave: adenoma e carcinoma cortical, adrenal, Bovino, feocromocitoma

Tumores de glândula adrenal em bovinos, embora relativamente comuns, têm sido objeto de poucos estudos abrangentes que descrevem suas características morfológicas e perfil imuno-histoquímico. Este estudo visa preencher essa lacuna fornecendo uma descrição detalhada dos aspectos macroscópicos, microscópicos e imuno-histoquímicos de neoplasias de glândula adrenal em bovinos abatidos no Estado de Mato Grosso. As neoplasias foram identificadas e caracterizadas com base em achados macroscópicos, microscópicos e imuno-histoquímicos. Os achados
macroscópicos e microscópicos revelaram a presença de neoplasias de glândula adrenal, incluindo carcinomas corticais (21%), adenomas corticais (69%) e feocromocitomas (10%). A análise estatística não mostrou diferenças significativas no tamanho do tumor. Histologicamente, a maioria das neoplasias corticais apresentou um padrão de crescimento sólido caracterizado como massas bem definidas organizadas em ninhos, cordões ou trabéculas intercaladas com estroma fibrovascular delicado. As células eram uniformes, circundadas por células ovais com citoplasma
volumoso, levemente eosinofílicas, frequentemente multivacuoladas e com bordas indistintas. A distinção entre adenoma e adenocarcinoma cortical, na ausência de metástases, foi baseada na detecção de 3 ou mais dos seguintes critérios: padrão de crescimento difuso, invasão capsular, invasão vascular, predominância de células fusiformes e pleomorfismo nuclear. A maioria dos feocromocitomas se expande da região medular e comprime o córtex, causando atrofia. Eles eram caracterizados por massas sólidas dispostas em ninhos delimitados por delicado estroma fibrovascular. As células eram pequenas, poliédricas, alongadas ou fusiformes com citoplasma granular. Em todos os casos, a imuno-histoquímica foi necessária para determinar o
diagnóstico, pois havia grande semelhança com adenomas corticais. Um painel imuno-histoquímico composto por anticorpos contra melan A, sinaptofisina e cromogranina A foi considerado útil para classificar os tumores adrenais mais comuns em bovinos.

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Relação da pressão arterial com a proteinúria em gatos idosos ou doentes renais crônicos

Autor: Maria Natália de Freitas

Categoria(s): 2024

Palavra(s)-chave: doença renal, Felino, Hipertensão sistêmica, senilidade

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma comorbidade comum em gato idoso e doente renal crônico (DRC). A proteinúria está relacionada com o prognóstico de gatos
DRC e pode estar relacionada com a magnitude da hipertensão. Este estudo observacional buscou através de exames clínicos e laboratoriais relacionar a pressão arterial sistólica pelo método oscilométrico com a proteinúria, e com outros achados hematológicos e bioquímicos em gatos idosos e doentes renais crônicos. Três grupos foram analisados: dezenove gatos adultos jovens, 1 a 6 anos de idade (G1), dezenove gatos idosos, acima de 10 anos de idade (G2) e treze gatos doentes renais crônicos (G3). Na comparação dos valores médios da creatinina, relação proteína e creatinina urinária (UPC), pressão arterial sistólica e idade entre os grupos se observou diferença estatística significativa na creatinina, UPC e densidade do grupo DRC (G3) comparado aos demais grupos Não houve correlação entre a pressão arterial sistólica, idade e a proteinúria nos grupos idosos e doentes renais crônicos, mas houve correlação entre variáveis de lesão renal com o peso, escore corporal e proteínas plasmática total. Os resultados corroboram para os cuidados da hipertensão em gatos idosos dado os maiores valores individuais de pressão arterial e com os
cuidados de escore corporal em gatos DRC, ainda que estágio inicial.

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Avaliação clínico-patológica cutânea de cães com leishmaniose visceral tratados com miltefosina e alopurinol

Autor: Maria Sabrina de Freitas

Categoria(s): 2024

Palavra(s)-chave: dermatopatias, escore clínico, exame histopatológico, Leishmania infantum., macrófago, qPCR

A leishmaniose visceral é uma zoonose com milhares de novos casos anualmente em todo o mundo. Em alguns países, dentre eles o Brasil, se configura como um sério agravo à saúde pública. O cão, o principal reservatório, mantém a endemicidade da LV no meio urbano devido à sua proximidade com o homem e à alta carga parasitária cutânea. A pele tem uma importante
participação na imunopatogenia da doença, pois é o primeiro órgão infectado pelo parasito, além disso, pelo aspecto dermotrópico da L. infantum há elevada carga parasitária facilitando a infectividade ao vetor. Diante do exposto, este estudo teve por objetivo avaliar os achados clínicos, histopatológicos e a carga parasitária da pele dos cães com leishmaniose visceral tratados com miltefosina associado ao alopurinol. Dezessete cães foram avaliados antes e após 150 dias do início do tratamento, submetidos a coletas de amostras de pele, sangue e urina para estabelecer o escore clínico e descrever os achados clínicos dermatológicos e aspectos histopatológicos, além de quantificar a carga parasitária da pele por qPCR. Após o tratamento se observou redução do escore clínico e das anormalidades laboratoriais, com remissão de alguns sinais clínicos e normalidade dos valores médios de hemoglobina, hematócrito e a relação albumina/globulina. As principais alterações cutâneas inicialmente observadas foram alopecia/hipotricose, dermatite ulcerativa, dermatite esfoliativa e hiperqueratose nasodigital. Após o tratamento houve redução das lesões macroscópicas e diminuição da inflamação, com predomínio de macrófagos no infiltrado inflamatório, além disso, houve redução significativa da carga parasitária em todos os cães. A miltefosina em associação com alopurinol promoveu a melhora clínica, a diminuição do escore clínico, a redução na carga parasitária e melhora da inflamação cutânea de cães em 150 dias de tratamento.

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Efeitos sistêmicos da instilação ocular de cetorolaco de trometamol a 0,4% por 15 dias em gatos saudáveis

Autor: Matheus Anthony Mendes

Categoria(s): 2024

Palavra(s)-chave: AINEs tópicos, exame de fezes, gatos, perfil bioquímico, teste de sangramento

Objetivo: avaliar o impacto da instilação de trometamol cetorolaco (TC) por três vezes ao dia durante 15 dias consecutivos nos parâmetros do hemograma, bioquímica sérica, urinálise, tempo de sangramento (TS) e no teste de sangue oculto nas fezes (SOF) em gatos saudáveis. Metodologia: amostras de sangue foram coletadas de 15 gatos para avaliar parâmetros hematológicos e da bioquímica sérica nos períodos basal e 15 dias após a instilação de TC por três vezes ao dia. Assim como urinálise e a presença de SOF foram realizadas nesses mesmos períodos. Resultados: valores basais do hemograma, bioquímica sérica e urinálise se mantiveram dentro das faixas de referências. No dia 15, depois do tratamento, foram observadas reduções significativas nos valores do hematócrito (p = 0.03), proteína total (p = 0.02) e potássio (p = 0.004) quando comparados com os valores basais. Apesar dessas mudanças, todas as mensurações se mantiveram dentro dos valores de referência, exceto a ALT, a que se elevou de forma significativa quando comparada aos valores basais (p = 0.01). O TS no período basal (133.5 ± 61.33 seg.) foi significativamente maior do que aquele mensurado após 15 dias de tratamento (102.1 ± 32.76 sec.) (p = 0.03). No período basal, todas as 15 amostras de fezes testaram negativo para o SOF (Figura 1A). Entretanto, no dia 15 após do tratamento, 11 das 15 amostras testaram positivas para SOF (p < 0.0001). Conclusão: o presente estudo demonstrou que instilações de TC por três vezes ao dia por 15 dias contínuos induziram injúria hepatocelular e sangramento gastrointestinal, com possíveis repercussões no hematócrito, proteína total e nos níveis de potássio. Contudo, nossos resultados devem ser interpretados com cautela devido à ausência de um grupo controle nesse estudo.

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Hemosporídeos em aves atendidas no Hospital Veterinário Da Universidade Federal De Mato Grosso, Cuiabá, MT

Autor: Morgana Maira Hennig

Categoria(s): 2024

Palavra(s)-chave: animais silvestres, Hemoparasitas, Malária aviária, Plasmodium, sanidade animal

Hemosporídeos são protozoários heteroxenos, cosmopolitas, que infectam diferentes grupos animais, incluindo aves, utilizando insetos hematófagos como vetores. O grupo
desses protozoários, composto pelos gêneros Plasmodium, Haemoproteus, Leucocytozoon e Fallisia, é encontrado infectando aves na natureza, porém os gêneros Plasmodium e Haemoproteus são os mais estudados. Embora estes agentes geralmente não causem doença, manifestando-se apenas como casos subclínicos, algumas evidências têm demonstrado que estes parasitos podem exercer uma importante pressão seletiva sobre seus hospedeiros, interferindo na sobrevivência, no comportamento reprodutivo e da comunidade das aves. Assim, este estudo teve como
objetivo detectar a infecção por Plasmodium spp. e Haemoproteus spp. em aves coletadas de setembro de 2016 a março de 2024 por meio do exame microscópico parasitológico de extensão sanguínea e Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) de aves do estado de Mato Grosso, atendidas na rotina hospitalar do Setor de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, seguido da determinação da parasitemia, caracterização morfológica e molecular, por meio do sequenciamento e análise filogenética. A detecção de Plasmodium spp. ou Haemoproteus spp. ocorreu em 73 das 352 aves (20,74%) através de extensão sanguínea e/ou análise molecular. Este trabalho contribuiu para o conhecimento da
frequência e diversidade de hemosporídeos em grupos de aves pouco frequentes nos estudos sobre hemosporídeos aviários do Brasil. Evidenciou a circulação de quinze linhagens diferentes de Plasmodium spp. e Haemoproteus spp. na avifauna do estado, sendo seis delas inéditas, além de realizar a descrição de uma nova espécie de Haemoproteus em Tyto furcata. Adicionalmente, reforçou a importância em incluir o diagnóstico para hemosporídeos aviários na avaliação de perfil sanitário de aves em ambiente hospitalar.

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Investigação molecular de patógenos em morcegos coletados no estado do Mato Grosso, Brasil

Autor: Nathalia De Assis Pereira

Categoria(s): 2024

Palavra(s)-chave: morcegos, Patógenos, qPCR, zoonoses

Os morcegos podem abrigar uma grande variedade de microrganismos, incluindo vírus, bactérias, fungos e protozoários, e diversos fatores contribuem para que eles sejam portadores e disseminadores de patógenos potencialmente zoonóticos, como a capacidade de fazer longos voos, facilidade para se adaptar aos mais diversos ambientes, contato próximo com humanos e animais domésticos em áreas urbanas, longevidade e suscetibilidade reduzida a vários patógenos humanos e animais, permanecendo assintomático na maior parte do tempo. Neste estudo foi realizada uma investigação molecular de alguns patógenos zoonóticos transmitidos por morcegos, sendo eles os gêneros: Bartonella spp., Mycoplasma spp., Trypanosoma spp. e Histoplasma capsulatum. Foram capturados morcegos de diferentes espécies em 5 municípios das regiões do Mato Grosso (Cuiabá, Santo Antônio do Leverger, Nobres, Poconé e Barão de Melgaço), e as amostras obtidas destes animais submetidas a uma qPCR. Os resultados das análises moleculares demostraram amostras positivas para o gênero Mycoplasma spp. em morcegos das espécies Glossophaga soricina, Molossus sp., Desmodus rotundus. O Estado de Mato Grosso possui uma grande diversidade de espécies de morcegos e este estudo demonstrou a presença de um patógeno zoonótico nos exemplares amostrados, portanto, é fundamental elucidar a distribuição desses hospedeiros nesta região para facilitar a implementação da vigilância eficaz contra os patógenos abordados neste estudo.

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Hepcidina, parâmetros hematológicos e metabolismo de ferro em gatos obesos ou com sobrepeso

Autor: Edison Lorran Jerdlicka Coelho

Categoria(s): 2024

Palavra(s)-chave: anemia, felinos, Hepcidina, Obesidade.

A obesidade em felinos domésticos é uma doença crônica nutricional e metabólica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo devido a balanço energético positivo. Essa condição está associada a diversas complicações, incluindo diabetes mellitus, lipidose hepática, hipertensão, distúrbios urinários, artrite, dermatopatias, complicações respiratórias, dislipidemia, câncer e uma diminuição na longevidade. Além disso, a obesidade em humanos pode levar à deficiência de ferro, resultando em anemia crônica, influenciada pela inflamação crônica associada à obesidade. Entretanto, não está consolidado se a anemia ferropriva ocorre nos gatos, como ocorre nos seres humanos. Essas complicações destacam a importância da gestão adequada do peso em gatos para prevenir morbidade e melhorar a qualidade de vida. O objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil hematológico de gatos obesos eu com sobrepeso e verificar se apresentam anemia e/ou deficiência de ferro e sua relação com as concentrações séricas de hepcidina. Participaram do estudo 79 felinos, sendo 25 com escore corporal normal, 27 com sobrepeso e 27 obesos. De todos os felinos
foram realizadas análise hematológica completa, ferro, capacidade de ligação de ferro, dosagem sérica de hepcidina, do perfil lipídico e hepático. Não foram encontradas alterações hematológicas significativas, tão pouco anemia nos gatos avaliados. Gatos obesos apresentaram concentração mais elevadas de triglicerídeos e colesterol e suas frações. Não foram observadas alterações no metabolismo de ferro, mesmo com as concentrações de hepcidina mais elevadas nos gatos obesos e com sobrepeso, pelo contrário, a concentração de ferro e capacidade de ligação de ferro foram maiores em gatos obesos/sobrepeso. Concluiu-se que a obesidade não induziu a anemia e nem influenciou no metabolismo de ferro nos gatos avaliados. A concentração de hepcidina foi maior em gatos com sobrepeso e obesidade, porém este aumento não interferiu nas concentrações séricas de ferro. As alterações nos níveis de colesterol e suas frações e triglicerídeos destaca a importância de abordar os distúrbios metabólicos que frequentemente acompanham a condição de obesidade felina.

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Distribuição espaço-temporal dos casos de leishmaniose visceral canina atendidos em Hospital Veterinário de Cuiabá, Mato Grosso, no período de 2018 a 2023 e sobreposição aos casos humanos.

Autor: Thaiza Fernanda Da Silva

Categoria(s): 2010

Palavra(s)-chave: dispersão, Fatores de Risco, Leishmania infantum., Reservatório canino

A leishmaniose visceral (LV) é causada pelo protozoário Leishmania infantum. Os cães são considerados o principal reservatório da LV no ambiente urbano. A LV encontra-se em expansão e estudos de distribuição temporal e espacial são importantes para identificar fatores associados a taxa de infecção da doença. Diante disto, esta pesquisa objetivou descrever a distribuição e o perfil epidemiológico da LV canina e humana na cidade de Cuiabá, Mato Grosso, durante o período de 2018 a 2023. Estudo retrospectivo descritivo foi realizado utilizando o banco de dados do Laboratório de Leishmanioses do HOVET-UFMT, em Cuiabá, Mato Grosso. Para análise, foram utilizados os dados referentes aos métodos de diagnósticos, como o teste sorológico rápido SNAP IDEXX, e parasitológico, pela citologia de medula óssea e/ ou linfonodo, além dos aspectos clínico-epidemiológicos e referentes ao ambiente de moradia dos cães. Adicionalmente, os casos humanos de LV confirmados no município de Cuiabá foram recuperados no sistema de informação de agravos de notificação (SINAN). No período, amostras biológicas de 1400 cães foram enviadas ao Laboratório de Leishmanioses. Desses, 552 (39,4%) cães foram positivos. As variáveis epidemiológicas vinculadas aos cães e associadas ao maior fator risco de infecção foram: cães machos, sem raça definida, com permanência restrita ao peridomicílio e residente em ambiente rural. As taxas de infecção canina mantiveram-se moderada e constante entre os anos de 2018 e 2023 na cidade de Cuiabá. Os casos caninos e humanos encontram-se distribuídos por todo o município, porém, as regionais Norte e Sul detiveram maior números de casos humanos e maior risco de infecção canina em relação à regional Oeste. Ademais, o encontro de cães infectados advindos de outras cidades reforça a importância dos cães como dispersores do parasito e a necessidade de diagnóstico correto dos cães para prover medidas de controle mais eficazes no controle da disseminação da LV.

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Erliquiose Monocítica Canina: inquérito molecular no Pantanal Mato-grossense e avaliação de biomarcadores renais

Autor: Mariana Elisa Pereira

Categoria(s): 2023, Tese

Palavra(s)-chave: Doença transmitida por vetores, Hemoparasitose, Injúria renal, NGAL

A erliquiose monicítica canina (EMC) é uma doença causada pela bactéria gram-negativa intracelular obrigatória Ehrlichia canis. A transmissão ocorre pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus sensu lato durante o repasto sanguíneo em cão infectado ou pela transfusão sanguínea. A doença pode manifestar-se de forma aguda, subclínica ou crônica e os sinais clínicos variam de inaparentes a severos a depender de fatores como respostas imunológicas individuais, tamanho do inóculo, coinfecções e estado geral do animal. Esta pesquisa foi executada em duas etapas e os objetivos
foram: 1) determinar a prevalência molecular e os fatores de risco associados à infecção por E. canis em cães domiciliados em município do Pantanal Mato-grossense (Barão de Melgaço); 2) avaliar a função renal em cães com EMC atendidos no HOVET-UFMT – Campus Cuiabá por meio dos biomarcadores urinários lipocalina associada à gelatinase de neutrófilos (NGAL) e molécula de injúria renal 1 (KIM-1), da ureia, creatinina, densidade urinária, relação proteína: creatinina urinária (UPC); comparar a proporção de proteinúria mista (alto e baixo peso molecular) com proteinúria de alto peso molecular em cães, assim como ao título de anticorpos dos cães com EMC. A prevalência em Barão de Melgaço, Pantanal Mato-grossense da infecção por E. canis em cães foi de 42,5% e nenhuma das variáveis apresentou associação significativa com a positividade da PCR (p > 0,05). Os sinais clínicos não foram associados à infecção por E. canis provavelmente porque vários cães estavam na fase subclínica ou apresentavam sinais clínicos de outras doenças endêmicas na região. Na segunda etapa, para análise da função renal de trinta cães doentes, naturalmente infectados com EMC (PCR positivo), e seis cães saudáveis (grupo controle), foram mensurados e apresentaram associação significativa: eritrócitos, hematócritos, hemoglobina, fósforo, ureia, creatinina, densidade urinária, relação proteína creatinina urinária e concentração urinária de NGAL (uNGAL). O aumento de NGAL, fósforo, ureia, creatinina e UPC e a diminuição da densidade urinária (USG) demonstrou dano renal em cães com EMC. A uNGAL se elevou mesmo quando a concentração sérica de ureia e creatinina estava inalterada, fato que demonstra a importância desse biomarcador na detecção precoce de doença renal. Já a KIM-1 não apresentou aumento significativo, sugerindo estudos adicionais para investigar o comportamento da KIM-1 na EMC.

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