Giardia duodenalis é um protozoário unicelular, eucarioto e flagelado. Duas formas evolutivas são observadas no ciclo de vida: trofozoíto e cisto, sendo o cisto a forma infectante. Este protozoário é responsável por causar quadros de diarreia em humanos, cães, gatos, roedores e animais ungulados. Apesar de serem morfologicamente iguais, os isolados de G. duodenalis escondem grande diversidade genética e dificultam a estabilidade e unanimidade da classificação taxonômica. Até o momento foram identificados oito assemblages denominados de A-H. Atualmente, a genotipagem multilocus é utilizada para a identificação molecular das espécies e/ou genótipos de Giardia. Com o objetivo de identificar a frequência de G. duodenalis nas fezes de cães domiciliados no município de Cuiabá, Mato Grosso, e caracterizar a variabilidade genética das amostras positivas, foram coletadas amostras de fezes de 147 cães. Para realização de triagem, todas as amostras foram submetidas ao exame de centrífugo-flutuação para visualização em microscopia. De todas as amostras coletadas, 26 cães estavam infectados por parasitos intestinais, sendo 38% (10) acometidos por G. duodenalis. A frequência de G. duodenalis em cães foi de 6,8%. Outros parasitos foram observados, como Cystoisospora sp. (15%) e Entamoeba sp. (2%), além dos nematoides Ancylostoma sp. (27%), Trichuris sp. (2%) e Toxocara sp. (1%). As amostras positivas para G. duodenalis foram submetidas à extração de DNA para realização da Reação em Cadeia pela Polimerase dos genes triosefosfato isomerase (tpi) e glutamato desidrogenase (gdh) para amplificação do fragmento de 530 e 659 pb, respectivamente, para caracterização genotípica. A análise dos fatores de risco para os cães infectados por G. duodenalis não foi significativa quanto à sexo, raça, idade, presença de diarreia e dieta. Somente cães com contactantes foram significativamente positivos para a giardíase. Após análise molecular dos isolados de G. duodenalis, apenas três amostras amplificaram fragmento do gene tpi apresentando 100% de identidade com Assemblage C. Para análise genética das sequências, foi construído a árvore filogenética a partir das sequências concatenadas dos genes gdh e tpi para determinar o assemblage com maior precisão. A amostra identificada neste estudo ficou agrupada no mesmo clado do assemblage C corroborando com a sequência obtida pelo tpi. A genotipagem multilocus é o método mais confiável para determinar os assemblages de G. duodenalis, uma vez que discrepâncias entre os locus de um mesmo isolado podem ocorrer devido a infecções mistas e/ou heterozigose.
Dissertações/Teses
Agentes transmitidos por carrapatos (Acari: Ixodidae) em pequenos mamíferos silvestres não voadores na Amazônia Mato-Grossense, Brasil
Entre os seres invertebrados, os carrapatos são os maiores vetores de patógenos aos animais, e segundo grupo de ectoparasitas, a transmitirem maior variedade de patógenos aos seres humanos. Roedores e marsupiais são conhecidos por atuarem como elos ecológicos nas cadeias de transmissão de doenças transmitidas por carrapatos. Pequenos mamíferos não voadores (marsupiais e roedores) foram capturados em três municípios (Alta Floresta, Sinop e Cláudia) no bioma Amazônico do Estado de Mato Grosso, na região Centro-Oeste do Brasil. Um total de 230 espécimes (78 roedores e 152 marsupiais) foram capturados e inspecionados quanto à presença de carrapatos. Além disso, os carrapatos coletados foram selecionados para análise molecular pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para Rickettsia spp. Os tecidos dos animais (fígado, baço e sangue) foram submetidos às análises moleculares pela técnica de PCR para a detecção dos gêneros Babesia, Theileria, Coxiella, Hepatozoon, Rickettsia e agentes da família Anaplasmataceae. Os gêneros Hepatozoon e Babesia foram detectados em gambás (Didelphis marsupialis). Em contraste, todas as amostras coletadas (sangue, fígado e baço) de pequenos mamíferos foram negativas para os gêneros Theileria, Coxiella, Rickettsia e para a família Anaplasmataceae. Análises filogenéticas inferidas de sequências parciais do gene 18S rRNA destacaram novos haplótipos de Hepatozoon spp. e Babesia spp. Amblyomma cajennense sensu stricto (s.s), Amblyomma coelebs e Amblyomma scalpturatum foram positivos para Rickettsia amblyommatis, já Amblyomma humerale e Amblyomma sp. foram positivos para uma Rickettsia sp. denominada halótipo Sinop. Registramos pela primeira vez neste estudo as associações carrapato-hospedeiro entre: a) ninfas de A. cajennense s.s. e Caluromys philander; b) ninfas de A. humerale e Marmosa constantiae; c) larvas e ninfas de A. humerale e Metachirus nudicaudatus; d) larvas de A. humerale e Proechimys roberti; e) larvas de A. coelebs e M. nudicaudatus; f) larvas e ninfas de A. scalpturatum em D. marsupialis. Futuros estudos sobre a importância de gambás (D. marsupialis) nos ciclos epidemiológicos dos agentes de Hepatozoon e Babesia em condições naturais no bioma Amazônico são necessários. Além de estudos que identifiquem possíveis espécies de Rickettsia em circulação neste bioma, seus hospedeiros e implicações para a saúde animal e humana.
Sequenciamento de nova geração – 16S rRNA do microbioma urinário e resistência antimicrobiana de isolados bacterianos na urina de cães saudáveis e com infecções urinárias e isolados bacterianos de cães com Neoplasias submetidos a tratamento quimioterápico
A urina de indivíduos saudáveis sempre foi considerada um ambiente estéril, até novas técnicas de diagnóstico serem utilizadas na detecção de bactérias nesse ambiente; técnicas essas como o sequenciamento através do gene 16S rRNA, que permitiu caracterizar o microbioma urinário e mudar o paradigma clínico de que urina é estéril. O presente estudo objetivou determinar a presença de isolados bacterianos na urina de cães saudáveis (grupo controle) e com infecção urinária (grupo cistite), identificar os micro-organismos através do exame padrão de cultura urinária e pelo antibiograma e avaliar a presença de bactérias multirresistentes; além de determinar os principais agentes do microbioma da urina de cães saudáveis e com infecções urinárias, através do sequenciamento do gene 16S rRNA objetivou ainda avaliar o perfil de micro-organismos presentes na urina, o padrão de susceptibilidade antimicrobiana e as covariáveis raça, sexo e tipo do tumor no desenvolvimento de infecção urinária em cães que foram sendo submetidos a tratamento quimioterápico. A urina dos cães dos três grupos, foi coletada através da técnica de cistocentese e realizada cultura e antibiograma de todas as amostras; amostras selecionadas aleatoriamente de cães saudáveis e com infecção do trato urinário também foram sequenciadas pelo método 16S rRNA através do sequenciador de nova geração Illumina®. No grupo controle 24,39% (10/41) e no grupo cistite 60,27% (44/73) dos animais que tiveram isolados bacterianos, o grupo cistite foi associado com maior risco da presença dos mesmos em relação ao grupo controle (OR=7,5; IC95% 2,81-22,40). Os principais isolados foram de Staphylococcus spp., E. coli, Proteus sp. e Enterobacter, em ambos os grupos, com diferentes percentuais de isolamento entre os grupos, porém sem significância estatística. Um alto percentual de isolados foram resistentes a ampicilina (68,18%), enrofloxacina (61,36%) e marbofloxacina (59,09%) no grupo cistite e a ampicilina (50%), nitrofurantoína (50%) e cloranfenicol (40%) no grupo controle. O número de isolados multirresistentes foi de 70% (7/10) e 65,91(29/44) nos grupos controle e cistite, respectivamente. No entanto, animais do grupo cistite tiveram a maior chance de apresentar uma bactéria multirresistente (OR=4,3; IC95 1,57-13,61). Quanto ao sequenciamento, os filos mais encontrados tanto no microbioma do grupo controle e cistite foram: Actinobacteria, Firmicutes e Proteobacteria. No grupo controle os gêneros com maior abundância foram: Propionibacterium, Streptococcus, Enterococcus, Sphingomonas, Acinetobacter e Pasteurella; e no grupo cistite foram: Staphylococcus, Rhodococcus, Bacillus e Luteimonas. Quando analisados os cães com neoplasias foi obtida cultura positiva em 68,75% dos pacientes em pelo menos uma das coletas realizadas, sendo a bactéria Staphylococcus a mais isolada. Quanto ao padrão de susceptibilidade antimicrobiana os antibióticos como imipenem e meropenem não tiveram resistência, e a ampicilina, enrofloxacina e nitrofurantoína foram os com maior resistência. Cães de raça tiveram mais chances de desenvolver infecção que os cães SRD. Os resultados do estudo evidenciaram que existe um microbioma na urina de cães saudáveis, e que pesquisas nessa área são essenciais para entender o papel desse microbioma na saúde e doença no trato urinário dos cães.
Diversidade genética do complexo de espécies de Cryptococcus gattii no estado de Mato Grosso, Brasil
Associada a alta mortalidade, a criptococcose é causada pelo fungo do gênero Cryptococcus. Devido à sua importância, este estudo objetivou analisar a diversidade genética dos isolados de C. gattii de animais, humanos e do ambiente no estado de Mato Grosso (MT), Brasil, durante o período de Novembro de 2010 – Dezembro de 2017. Todos os isolados do complexo de espécies de C. gattii foram submetidos à genotipagem molecular através do Polimorfismo do Comprimento do Fragmento de Restrição (PCR- RFLP) e da Tipagem da Sequência Multilocus (MLST). A análise de PCR-RFLP revelou que 21 isolados (100%) apresentaram o genótipo VGII, o qual é considerado o mais comum e virulento mundialmente. A análise de MLST revelou a presença de 14 tipos da sequência (STs), dos quais cinco foram considerados genótipos novos. O complexo clonal (CC) CC182 (n = 5; 23,80%) e CC309 (n = 3; 14,28%) foram os mais frequentes. A distribuição do CC em relação à origem revelou que três CCs foram encontrados em animais com predomínio do CC182 (66,66%), nove CCs em humanos e dois CCs no ambiente. Observou-se uma extensa variabilidade genética entre os isolados do estado de Mato Grosso. Os STs pertencentes aos complexos clonais (CC) já descritos indicaram a expansão global e a adaptação de isolados em vários outros países. Portanto, a detecção de complexos clonais e STs já descritos em outras regiões e a ocorrência de novos STs no presente estudo auxiliam na compreensão atual da dispersão geográfica e na origem genética do complexo de espécies de C. gattii.
Hemoplasmose em felídeos silvestres de vida livre e cativeiro no estado do Mato Grosso, Brasil
Os hemoplasmas são parasitos de eritrócitos, caracterizados por estarem sempre na posição epieritrocitária e por causarem anemia nos animais infectados. Em felinos, três espécies de Mycoplasmas são descritas: Mhf, CMhm e CMt. Considerados importantes reservatórios de doenças, os felídeos silvestres podem desempenhar um papel crucial na epidemiologia das hemoplasmoses. Logo, o objetivo deste estudo foi detectar a ocorrência dessas três espécies de hemoplasmas de importância clínica em felídeos silvestres de vida livre e cativeiro. Foram coletadas, extraídas e submetidas a reação em cadeia da polimerase (PCR), amostras de sangue de 23 felídeos silvestres de 6 espécies distintas (Leopardus colocolo, Leopardus pardalis, Leopardus wiedii, Panthera onca, Puma concolor e Puma yagouaroundi) no período de agosto de 2014 a agosto de 2018. Não houve detecção de Mhf nos felídeos deste estudo. CMhm foi detectado em 12,5% (3/23) animais, dois de vida livre e um de cativeiro, sendo estes pertencentes à mesma espécie (Leopardus pardalis). CMt estava presente 52,2% dos felídeos (12/23), sendo 6 animais de vida livre e 6 animais de cativeiro. Todas as espécies de felídeos silvestres testadas apresentaram pelo menos um animal positivo para este microrganismo, sendo encontrada a um animal com coinfecção de CMhm e CMt. Este é o primeiro relato pela técnica de PCR da ocorrência de CMt em Leopardus colocolo, Leopardus wiedii, Puma concolor, Panthera onca e Puma yagouaroundi. Os mecanismos de transmissão são ainda incertos para estes microrganismos. O estudo das populações felinas silvestres pode contribuir ativamente para compreensão da epidemiologia das hemoplasmoses e da importância destes animais como reservatórios, podendo afetar significativamente a saúde humana e as populações domésticas e silvestres.
Influência da temperatura de incubação e da motilidade embrionária sobre o crescimento dos membros de Caiman yacare (Daudin, 1802)
A temperatura e ação farmacológica podem resultar em modificações no tamanho e na proporção dos membros. Este estudo objetivou avaliar os efeitos da temperatura e motilidade embrionária sobre o desenvolvimento esquelético de jacaré-do-pantanal (Caiman yacare). A coleta dos ovos, identificação, transporte e incubação foram realizados com os cuidados exigidos; então foram incubados com 90% de umidade e empregou-se a temperatura de 29°C por 45 dias para todos os ovos. Após, para a incubação do Grupo I a temperatura continuou em 29°C, mas associado à combinação da injeção de 4-aminopiridina (29°C-4AP, n = 15) aplicada nos dias 46, 47, 48 e 49. (n = 14), do Grupo II permaneceu em 29°C (n = 14) e do Grupo III elevou-se para 33°C (n = 14). A movimentação foi mensurada através do monitor digital Egg Buddy® nos dias 30, 35, 42, 49, 56 e 60 dias. Aos 60 dias, os embriões foram eutanasiados e analisadas amostras embrionárias, tamanho do nariz, dos membros e seus segmentos. Na análise estatística não foram observadas diferenças entre os grupos, quando avaliado o fator temperatura (33°C e 29°C) sobre a motilidade embrionária e nas proporções do nariz, dos membros e seus segmentos. Em contraste, o fator motilidade evidenciou diferença estatística no dia 49 para o grupo 29°C-4AP (P < 0,001), e apresentou maiores proporções de nariz e mão. Esses dados demonstraram pela primeira vez que o aumento na motilidade embrionária, induzidos farmacologicamente resultam em divergências fenotípicas na proporção de segmentos anatômicos durante a ontogenia pré-natal, podendo alterar efetivamente a adaptação dos animais em ambientes específicos.
Neoplasias mamárias em cães: correlação entre porte e tamanho tumoral
As neoplasias de glândula mamária em cães são as mais comuns, representando metade dos atendimentos de clínicos relativos a tumores, acometem principalmente cadelas senis e não castradas. Ao menos 50% têm comportamento maligno e a maioria é caracterizada como diferentes padrões de carcinomas. Os fatores mais relacionados à origem destes neoplasmas de mama são: sexo, idade, dieta, obesidade e distúrbios hormônais. A ovariohisterectomia precoce, mesmo que relacionada à diminuição da incidência, não é impeditiva para a ocorrência desta neoplasia. A detecção precoce do problema é de fundamental importância para uma melhor sobrevida destes animais, já que o risco de malignidade proporcionalmente aumenta com o tamanho do neoplasma. A intervenção cirúrgica é a modalidade terapêutica mais indicada e utilizada para o tratamento das neoplasias, porém protocolos de terapia multimodal com a associação de cirurgia e quimioterapia aumentam o tempo de sobrevida dos pacientes. O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação do tamanho tumoral com os diferentes padrões de porte dos cães, além de determinar a prevalência e informações dos aspectos clínico patológicos dos tipos e padrões de neoplasias da glândula mamária. Os cães deste estudo foram provenientes do atendimento clínico do Hospital Veterinário Universitário de Cuiabá (HOVET). Os cães com diagnóstico prévio de neoformação mamária passaram por anamnese e avaliação, para estadiamento tumoral. Os animais foram divididos segundo seu porte físico, e submetidos à mastectomia unilateral total. O tamanho tumoral foi classificado de acordo com o sistema TNM proposto por Owen, 1980. Após coleta, o material foi imediatamente encaminhado ao Laboratório de Patologia Veterinária (LPV). Depois de classificados os tumores, foi avaliada a correlação do tamanho tumoral com os diferentes padrões de porte dos cães e correlacionado com o prognóstico do paciente, além de determinar a prevalência dos tumores da glândula mamária, seus diferentes tipos histológicos, metástases e informações dos aspectos clínicos- patológicos dos pacientes. Foram avaliados 222 animais, com idade variada de dois a 16 anos (média de 9.51±3,01 anos), as fêmeas foram as mais acometidas com 98.65% dos casos, apenas três machos acometidos. Em relação ao porte físico dos 222 animais, o maior número de animais foram os de pequeno porte (P) com 98 animais de pequeno porte (P) até 9,0 kg, 60 animais de médio porte 9,1 a 23kg (M) e 64 animais de grande porte acima de 23,1kg (G). Ocorreu superioridade dos tumores malignos, não foi observada correlação entre o porte dos animais com o tamanho tumoral.
Avaliação da pressão intraocular e do diâmetro pupilar em gatos saudáveis anestesiados com Isoflurano e pré-medicados com Acepromazina isoladamente ou em combinação com Tramadol
Objetivou-se determinar possíveis alterações na pressão intraocular (PIO) e diâmetro pupilar (DP) em gatos saudáveis anestesiados com isoflurano e pré-medicados com acepromazina isolada ou em combinação com tramadol. Trinta gatos foram agrupados aleatoriamente em dois grupos (n=15/cada). Foram injetados pela via intramuscular acepromazina (GA) ou acepromazina combinada com tramadol (GAT). O DP (paquímetro eletrônico), a PIO (tonometria de rebote) e a pressão arterial média (oscilométrica) foram avaliadas em 3 momentos antes (basal) e após 30 (PM1) e 40 minutos (PM2) dos tratamentos. Posteriormente, a anestesia foi induzida com propofol e uma vez que os animais atingiram o plano anestésico cirúrgico com a concentração expirada de isoflurano em 2,0%, a PIO, DP, PAM, frequências cardíaca e respiratória, concentração final expirada de CO2, e saturação periférica de oxigênio, foram avaliadas (A10) a cada 10 minutos até o final da anestesia (A40). A PIO diminuiu significativamente no GA (p=0,008) e no GAT (p=0,0001), quando comparados os valores avaliados no momento basal com o PM1. A PIO diminuiu (p=0,021) apenas no GA, nas comparações entre o basal e o PM2. Durante a anestesia, a PIO não diferiu dentro de cada grupo (p>0,05). Nas comparações entre os grupos, esse parâmetro não se alterou em nenhum momento antes e após a indução da anestesia (p>0,05). Comparações entre os valores basais e os registrados em PM1 e 2 mostraram que o DP aumentou, respectivamente, 1,45 (p=0,015) e 1,89 mm (p=0,009) nos gatos do GAT. Após a indução da anestesia, o DP dos gatos diminuiu tanto no GA (p<0,0001) como no GAT (p<0,01). De A10 até A40, a média do DP dos gatos do GAT foi de 0,66 mm maior que os registrados nos olhos dos gatos do GA (P>0,05). A PAM não mudou de PM1 para 2, mas diminuiu durante a anestesia quando comparada com o momento basal, PM1 e 2 (p<0,01). De A10 a A40, todos os outros parâmetros permaneceram inalterados (p>0,05). Pode-se concluir que a PIO diminui significativamente em gatos saudáveis pré-medicados com acepromazina isolada ou em combinação com tramadol, e que tal parâmetro não se altera durante a anestesia com isoflurano. Apesar do período de pré-medicação, valores significativamente mais elevados do DP foram observados em gatos do GAT, e que tal parâmetro permaneceu mais alto em gatos do mesmo grupo durante a anestesia, ambos os protocolos falharam em inibir a ocorrência de miose durante o procedimento anestésico. No entanto, pode-se supor que, para realizar cirurgias corneais ou intraoculares, este protocolo anestésico mantém a pressão intraocular reduzida e estável dentro do intervalo de referência para a esta espécie, porém, para obter ainda mais midríase, suplementação com parassimpatolíticos deve ser instituída.
Vigilância de doenças virais em aves de subsistência criadas próximas a sítios de aves migratórias no estado de Mato Grosso
No estado de Mato Grosso, nos municípios de Cáceres e Araguaiana há áreas de interface entre aves migratórias e de subsistência. A circulação dos vírus da influenza aviária (AIV), doença de Newcastle (NDV), metapneumovirus aviário (aMPV) e da bronquite infecciosa aviária (IBV) é desconhecida nesses locais devido à escassez de estudos. Este trabalho teve como objetivo realizar inquérito soro epidemiológico em aves domésticas de subsistência para estes agentes que causam prejuízos econômicos e sociais na avicultura comercial mundialmente. Infecções por AIV e NDV foram avaliadas por meio dos testes de ELISA, Inibição da Hemaglutinação e RT-PCR em tempo real em amostras de soro, suabes de cloaca e traqueia de 1.068 aves, entre galinhas, codornas, perus, patos e gansos. Para aMPV e IBV foram analisadas 623 amostras de soro de galinhas por ELISA. A frequência de aves soropositivas ao ELISA para AIV, NDV, aMPV e IBV em Araguaiana foram de 0,7%, 23%, 85% e 69% respectivamente; enquanto em Cáceres a frequência foi de 0,8%, 43,5%, 88,5% e 70%, respectivamente. Somente em Cáceres houve um pato (0,6%) positivo ao HI para NDV. Não houve amostras reagentes ao PCR para AIV e NDV. A análise espacial detectou a presença de aglomeração entre as propriedades com aves soropositivas ao NDV na zona urbana de Cáceres, sugerindo a participação dessa área na manutenção ou disseminação do virus. Este estudo evidenciou infecção por patógenos virais, em aves de subsistência nas regiões de sítio de aves migratórias no estado de Mato Grosso demonstrando a importância dessas aves como fontes de infecção para outras aves.
Comparação entre coletas de sêmen em Gato-do-Mato-Pequeno (Leopardus guttulus) pelos métodos de cateterismo uretral e eletroejaculação
A redução e fragmentação do habitat colocam em risco as populações de felinos silvestres, acarretando em uma diminuição da variabilidade genética. Considerando a atual realidade dos pequenos felídeos silvestres mantidos em cativeiro, objetivou-se comparar o cateterismo uretral e a eletroejaculação após anestesia com cetamina-dexmedetomidina, como método de coleta de sêmen de gato do mato pequeno (Leopardus guttulus) mantidos em cativeiro e avaliar os valores de volume, concentração, vigor, motilidade, vitalidade espermática e integridade de acrossoma antes e após o congelamento do sêmen coletado com as diferentes técnicas. Inicialmente foram utilizados 13 animais para coleta de sêmen por cateterismo utilizando-se diferentes doses da associação cetamina-dexmedetomidina. Após a determinação da dose anestésica ideal para coleta de sêmen nesta espécie, os gatos-do-mato-pequenos (L. guttulus) machos tiveram o sêmen coletado pelo método de cateterismo e eletroejaculação, e após análise descritiva o sêmen foi congelado. A dose ideal para coleta de sêmen foi de 0,008 mg/kg de dexmedetomidina. Houve diferença significativa (p ≤ 0,05) para a variável concentração, de acordo com o tipo de coleta utilizado, sendo que a técnica do cateterismo apresentou concentração espermática maior comparada à técnica de eletroejaculação. Os resultados de motilidade, vigor, patologias, vitalidade e integridade acrossômica não apresentaram diferença significativa (p ≥ 0,05). Houve diferença significativa (p ≤ 0,05) de acordo com a forma de armazenamento do sêmen, evidenciando que o congelamento impacta na qualidade do sêmen em L. guttulus independente da técnica de coleta utilizada. Esses resultados, somados às vantagens do método de cateterismo como a baixa contaminação por urina, facilidade e rapidez na coleta e baixo custo à torna uma técnica viável e promissora para utilização em felinos selvagens de vida livre, principalmente aqueles em risco de extinção.
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