Objetivou-se determinar possíveis alterações na pressão intraocular (PIO) e diâmetro pupilar (DP) em gatos saudáveis anestesiados com isoflurano e pré-medicados com acepromazina isolada ou em combinação com tramadol. Trinta gatos foram agrupados aleatoriamente em dois grupos (n=15/cada). Foram injetados pela via intramuscular acepromazina (GA) ou acepromazina combinada com tramadol (GAT). O DP (paquímetro eletrônico), a PIO (tonometria de rebote) e a pressão arterial média (oscilométrica) foram avaliadas em 3 momentos antes (basal) e após 30 (PM1) e 40 minutos (PM2) dos tratamentos. Posteriormente, a anestesia foi induzida com propofol e uma vez que os animais atingiram o plano anestésico cirúrgico com a concentração expirada de isoflurano em 2,0%, a PIO, DP, PAM, frequências cardíaca e respiratória, concentração final expirada de CO2, e saturação periférica de oxigênio, foram avaliadas (A10) a cada 10 minutos até o final da anestesia (A40). A PIO diminuiu significativamente no GA (p=0,008) e no GAT (p=0,0001), quando comparados os valores avaliados no momento basal com o PM1. A PIO diminuiu (p=0,021) apenas no GA, nas comparações entre o basal e o PM2. Durante a anestesia, a PIO não diferiu dentro de cada grupo (p>0,05). Nas comparações entre os grupos, esse parâmetro não se alterou em nenhum momento antes e após a indução da anestesia (p>0,05). Comparações entre os valores basais e os registrados em PM1 e 2 mostraram que o DP aumentou, respectivamente, 1,45 (p=0,015) e 1,89 mm (p=0,009) nos gatos do GAT. Após a indução da anestesia, o DP dos gatos diminuiu tanto no GA (p<0,0001) como no GAT (p<0,01). De A10 até A40, a média do DP dos gatos do GAT foi de 0,66 mm maior que os registrados nos olhos dos gatos do GA (P>0,05). A PAM não mudou de PM1 para 2, mas diminuiu durante a anestesia quando comparada com o momento basal, PM1 e 2 (p<0,01). De A10 a A40, todos os outros parâmetros permaneceram inalterados (p>0,05). Pode-se concluir que a PIO diminui significativamente em gatos saudáveis pré-medicados com acepromazina isolada ou em combinação com tramadol, e que tal parâmetro não se altera durante a anestesia com isoflurano. Apesar do período de pré-medicação, valores significativamente mais elevados do DP foram observados em gatos do GAT, e que tal parâmetro permaneceu mais alto em gatos do mesmo grupo durante a anestesia, ambos os protocolos falharam em inibir a ocorrência de miose durante o procedimento anestésico. No entanto, pode-se supor que, para realizar cirurgias corneais ou intraoculares, este protocolo anestésico mantém a pressão intraocular reduzida e estável dentro do intervalo de referência para a esta espécie, porém, para obter ainda mais midríase, suplementação com parassimpatolíticos deve ser instituída.
Dissertações