A leishmaniose visceral é uma zoonose com milhares de novos casos anualmente em todo o mundo. Em alguns países, dentre eles o Brasil, se configura como um sério agravo à saúde pública. O cão, o principal reservatório, mantém a endemicidade da LV no meio urbano devido à sua proximidade com o homem e à alta carga parasitária cutânea. A pele tem uma importante
participação na imunopatogenia da doença, pois é o primeiro órgão infectado pelo parasito, além disso, pelo aspecto dermotrópico da L. infantum há elevada carga parasitária facilitando a infectividade ao vetor. Diante do exposto, este estudo teve por objetivo avaliar os achados clínicos, histopatológicos e a carga parasitária da pele dos cães com leishmaniose visceral tratados com miltefosina associado ao alopurinol. Dezessete cães foram avaliados antes e após 150 dias do início do tratamento, submetidos a coletas de amostras de pele, sangue e urina para estabelecer o escore clínico e descrever os achados clínicos dermatológicos e aspectos histopatológicos, além de quantificar a carga parasitária da pele por qPCR. Após o tratamento se observou redução do escore clínico e das anormalidades laboratoriais, com remissão de alguns sinais clínicos e normalidade dos valores médios de hemoglobina, hematócrito e a relação albumina/globulina. As principais alterações cutâneas inicialmente observadas foram alopecia/hipotricose, dermatite ulcerativa, dermatite esfoliativa e hiperqueratose nasodigital. Após o tratamento houve redução das lesões macroscópicas e diminuição da inflamação, com predomínio de macrófagos no infiltrado inflamatório, além disso, houve redução significativa da carga parasitária em todos os cães. A miltefosina em associação com alopurinol promoveu a melhora clínica, a diminuição do escore clínico, a redução na carga parasitária e melhora da inflamação cutânea de cães em 150 dias de tratamento.
Dissertações