Aspectos clínicos e imunológicos em cães com leishmaniose visceral tratados com miltefosina e/ou alopurinol

Autor: Álvaro Felipe de Lima Ruy Dias

Categoria(s): 2021, Tese

Palavra(s)-chave: Acompanhamento clínico, Biomarcadores urinários, citocinas, Doença infecciosa, Leishmania infantum., Tratamento

No Brasil, o tratamento da leishmaniose visceral canina (LVC) com miltefosina (MilteforanTM, Virbac) foi autorizado em 2016 e o medicamento lançado no mercado brasileiro em janeiro de 2017. Os relatórios sobre a condição clínica, clínico-patológica e imunológica de cães tratados no país são escassos. Assim, este ensaio clínico terapêutico avaliou e monitorou, a curto prazo, a eficácia de três protocolos farmacoterapêuticos: monoterapia de miltefosina (G1), miltefosina associada ao alopurinol (G2) e monoterapia de alopurinol (G3) em cães naturalmente infectados por Leishmania infantum. Quarenta e cinco cães com LVC foram designados igualmente para um dos três grupos de tratamento e examinados antes (D0) e depois (D29) da
intervenção medicamentosa. O artigo 1 foi desenvolvido com todos os grupos, enquanto o artigo 2 foi escrito com dois grupos G1 e G2. Os cães foram avaliados quanto aos sinais clínicos, hematológicos, bioquímicos, concentração sérica de anticorpos e de citocinas e biomarcadores urinários. Redução significativa (p<0,05) nos escores clínicos foi observada em todos os protocolos avaliados, sem diferença entre os grupos. Não observamos cura clínica em nenhum dos cães dos grupos. Os parâmetros hematológicos e bioquímicos apresentaram melhora em D29, com melhores resultados observados no G2. O título de anticorpos anti-Leishmania permaneceu elevado em todos os grupos. A quantificação de citocinas séricas, demonstrou perfil Th1/Th2 misto na LVC. Os níveis de IL-2 diminuíram em todos os grupos após o tratamento, porém não apresentaram diferença estatística. A avaliação de IFN-y e IL-10 não evidenciou alterações nos grupos analisados e não contribuiu para o acompanhamento terapêutico de curto prazo. Proteinúria e densidade urinária não diminuíram significativamente após os tratamentos. Com relação aos biomarcadores renais, a Cistatina C e microalbuminúria não apresentaram alterações significativas. Já a NGAL apresentou redução significativa no grupo G2 (p < 0,05). Todos os protocolos terapêuticos promoveram, em graus variados, melhora no quadro geral (sinal clínico, hematológico e bioquímico) dos cães. No entanto, a associação de miltefosina e alopurinol (G2) promoveu melhores efeitos clínico-patológicos, representando a melhor opção para o tratamento da LVC, inclusive quando comparado ao único protocolo terapêutico permitido no Brasil, monoterapia com miltefosina (G1). A IL-2 apresentou comportamento similar nos grupos após os tratamentos, sugerindo que a diminuição dessa citocina possa estar associada ao controle terapêutico da infecção, além de serem potenciais marcadores terapêuticos para o monitoramento e acompanhamento de cães com LVC. Estes medicamentos se mostraram seguros para a função renal durante o período de acompanhamento, promovendo melhora nos biomarcadores urinários analisados.

Clique aqui e veja a dissertação completa