A epilepsia idiopática é a doença neurológica crônica mais comum em cães. Em humanos com epilepsia há maior chance de morta súbita (Sudden Unexpected Death in Epilepsy – SUDEP), contudo ainda não está esclarecido o mecanismo, mas a hipertensão arterial pode diminuir o limiar convulsivo e precipitar crises epilépticas. Ao mesmo tempo, o início das crises está relacionado com o aumento do tônus simpático que pode elevar a pressão arterial, afetar o ritmo e a frequência dos batimentos cardíacos. Estudos com animais mostram que as vias neuroinflamatórias contribuem para o desenvolvimento e progressão da epilepsia e que podem ser alvo para terapia. No geral, a neuroinflamação é uma resposta normal que ajuda a manter a homeostase, contudo, a resposta neuroinflamatória prolongada ou muito intensa pode se tornar desfavorável, levando a uma disfunção celular. Baseado nisso, se ressalta a importância de avaliar a ocorrência da epilepsia idiopática com a hipertensão arterial ou alterações de ritmo cardíaco na medicina veterinária, bem como o perfil inflamatório na epilepsia canina. Os objetivos deste estudo foram: 1) avaliar os valores de pressão arterial e achados eletrocardiográficos, além dos parâmetros hematológicos, bioquímicos séricos e urinários, e hemogasométricos em cães com epilepsia idiopática tratados com fenobarbital; 2) investigar o perfil inflamatório das citocinas em cães com epilepsia idiopática e estrutural sob tratamento em comparação com cães não epilépticos. Os valores do completo QRS e do intervalo ST foram estatisticamente diferentes entre os grupos de cães epilépticos e cães saudáveis, contudo a pressão arterial não apresentou diferença estatística. Com relação às citocinas, a
concentração sérica de IFN-γ foi significativamente diferente entre o grupo controle e cães com epilepsia estrutural. Com estes resultados, a epilepsia idiopática sugere ser uma doença que pode promover alterações na condução cardíaca e cães epilépticos apresentaram valores séricos de citocinas pro-inflamatórias reduzidos. Com base nos resultados, sugere que a epilepsia interfere na condução elétrica pelas atividades autonômicas desencadeadas durante a crise epiléptica e que os cães devem realizar acompanhamento cardiológico devido às complicações secundárias. A busca por biomarcadores periféricos em cães com epilepsia pode ajudar a identificar o papel da neuroinflamação no sistema nervoso desses animais.
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