POTÊNCIAS NEGRAS

24/11/2023

O mês de novembro, considerado o mês da Consciência Negra, serve como um momento de reflexão profunda sobre a extensa jornada que ainda temos pela frente para alcançar uma sociedade verdadeiramente igualitária e inclusiva.

Isso significa que muitos direitos ainda precisam ser conquistados e que as políticas e os programas existentes requerem fortalecimento. Nesse processo, é imperativo que o corpo negro seja considerado como potência, luta e resistência e não seja ignorado, silenciado ou eliminado, como tem sido ao longo da história.

Na Universidade Federal de Mato Grosso, desde a sua fundação, a potência negra, fundamentada em luta, resistência e resiliência, tem sido uma presença constante, mas esse fato não é amplamente conhecido. Na ótica de trazer às luzes essas potências, a UFMT, por meio da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEP) / Coordenação de Desenvolvimento Humano (CDH), criou, em 2022, o Troféu Consciência Negra UFMT, que homenageia os servidores técnicos e docentes da instituição que se destacam na luta contra o racismo e na promoção da cultura negra. Tais servidores são escolhidos por representantes de Grupos e Entidades negras da instituição, seguindo critérios estabelecidos.

Na edição deste ano, além das servidoras que receberão homenagens, Profa. Dra. Ana Luísa Alves Cordeiro e Téc. Dra. Léia de Souza Oliveira, o evento contará com a participação de outras potências proeminentes da comunidade negra, como a escritora Luciene Carvalho, a primeira mulher negra no Brasil a presidir uma Academia de Letras. Sua ascensão à presidência é motivo de grande orgulho para todos nós, pretas e pretos, pois compreendemos a importância da representatividade para inspirar outras pessoas pretas a ocuparem posições de liderança e reivindicarem seus espaços. A presidente enriquecerá o evento com seu discurso e recital, intitulado “Vozes Negras”.

Outras potências negras que marcarão presença no evento são alguns membros do Chorado de Vila Bela da Santíssima Trindade, primeira capital de Mato Grosso entre 1748 e 1835, atualmente reconhecida como quilombo urbano, com comunidades quilombolas em seu entorno rural. Durante o evento, teremos a oportunidade de conhecer um pouco da história da cidade e da dança do Chorado, culminando com uma apresentação de dança envolvente, dançada e cantada por potências que lutam para preservar a herança cultural e artística de Vila Bela.

Assim, a UFMT prestará homenagem e destacará a força das pessoas negras em diversos aspectos: resiliência, beleza, traços culturais, intelectualidade, competência, graciosidade... Será um evento de celebração da diversidade e do poder da comunidade negra!

Por fim, é essencial dizer que é preciso, continuamente, reconhecer e reinterpretar a trajetória histórica da presença e força da comunidade negra em todos os espaços. Devemos discutir seus diversos papéis, funções e representatividade, com o objetivo de fortalecer a luta contra o racismo estrutural.

                                                                                                                  Jozanes Assunção Nunes

Coordenadora de Desenvolvimento Humano / Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas – CDH/PROGEP/UFMT

Líder do grupo de pesquisa Diálogos literários: Brasil e África Lusófona – DLBAL/PPGEL/UFMT

Professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem - PPGEL/UFMT