Estudantes, docentes e técnicos-administrativos em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) reuniram-se em assembleia universitária, realizada na manhã desta terça-feira (10), para dar início aos debates sobre a atualização do regimento da UFMT. O evento também marca as comemorações de aniversário de fundação da Instituição, que completa 54 anos no dia 10, e a entrega dos títulos de Doutor Honoris Causa para Nemézia Profeta Ribeiro e Eduardo Carlos Bianca Bittar.
Em seu pronunciamento, a reitora da UFMT, professora Marluce Souza e Silva, falou sobre a história de criação da Universidade, desde quando foi proposta a primeira aula de anatomia em Mato Grosso, em 1808, em Vila Bela da Santíssima Trindade. À época, o curso não pode ser realizado pelo contexto de difícil acesso da região, mas o tempo passou e a preocupação pelo desenvolvimento de um pensamento próprio e reflexivo para o estado levou, em 1933, à criação da Faculdade de Ciência e Letras de Mato Grosso. Outras Instituições similares começaram a surgir desde então, como as faculdades estaduais de Economia e de Direito, e que seriam reunidas e federalizadas com a criação da UFMT, conhecida como Universidade da Selva na época, em 1970.
“O curso de medicina só foi implementado em 1980, então, tivemos entre 1908, da primeira tentativa de uma aula de anatomia em Mato Grosso, até 1980, um longo amanhecer; mas nesses 10 ano a UFMT se tornou a maior instituição de ensino público do estado, despertando, desde o início, o interesse nacional e internacional, por causa de sua localização privilegiada na região amazônica e pela luta de causas indígenas e ambientais”, disse.
Ainda em seu discurso, a reitora explicou que esse resgate do passado visava demonstrar como a UFMT foi e continua sendo construída por pessoas comprometidas e que seguirá buscando pela ampliação dos direitos humanos, em respeito aos jovens, idosos, crianças, pessoas com deficiência, pretos, LGBTQIAP+, animais e a natureza.
“Com isso damos as bases para a reflexão sobre um novo estatuto da Instituição, um que dará a Universidade a possibilidade de relacionar-se com o nosso presente, que é um período de transformações, pois somos também uma gestão de transformação”, completou.
Neste sentido, Luzia Melo, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Educação da UFMT, disse que a discussão sobre o novo estatuto é um tema essencial.
“É algo muito debatido nos congressos da nossa categoria e não é de hoje que lutamos para que ele seja revisto. Esperamos que esse seja um debate profícuo do qual possamos tirar encaminhamentos importantes, principalmente para que os técnicos não continuem invisibilizados”.
Maelison Neves, diretor da Associação de Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat), elogiou a iniciativa de reunir a assembleia universitária em um contexto de ataques, cortes orçamentários e tentativas de descredibilização sobre o papel dessas instituições.
“Que possamos continuar levando adiante um projeto de universidade que alcance os mais necessitados de nosso estado, o povo do campo e o povo das periferias, que são as pessoas que precisam entrar aqui”.
Ainda durante o evento, o estudante PDC Aldo de Ângelis aproveitou a assembleia para falar sobre a importância da promoção de direitos para as pessoas com deficiência na UFMT.
“Quando eu era criança eu vinha na piscina da UFMT para fazer fisioterapia e jamais pensei que seria aluno, mas ano passado, quase com a mesma idade da UFMT, eu consegui ingressar como aluno do curso de publicidade. Essa inclusão é de extrema importância, porque permite que a gente se sinta como cidadãos”.
Aldo também agradeceu a atenção que a reitora Marluce Silva e Souza dava para a questão dos alunos PCDs.
A discussão sobre o novo regimento deve acontecer agora no âmbito dos conselhos superiores da Instituição, com ampla participação da comunidade acadêmica.