Um instituto para o estudo da maior ordem de animais acaba de ser criado e será sediado em Cuiabá. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aprovou a criação do INCol - Instituto Nacional de Coleoptera, na Chamada CNPq/SECTICS/CAPES/FAPs Nº 46/2024 - Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia - INCT. O pesquisador do Departamento de Biologia e Zoologia, prof. Fernando Zagury Vaz de Mello, lidera a equipe de 78 pesquisadores do Brasil e do exterior que construíram a proposta, que recebeu pontuação 9,8 na chamada. Segundo a chamada os INCTs "caracterizam-se como estruturas de pesquisa que desenvolvem articuladamente propostas em rede, de caráter inter e transdisciplinar, e com objetivos e metas claramente definidos e mensuráveis, com foco na resolução de problemas nacionais".
Segundo Fernando, o INCol tem como objetivo central fortalecer e expandir a rede de especialistas em Coleoptera no Brasil, promovendo avanços em áreas-chave como taxonomia, ecologia, conservação e o estudo de coleópteros de relevância econômica. A proposta busca integrar os membros da equipe, fomentar estudos que abranjam uma maior diversidade de grupos taxonômicos e reduzir vieses científicos, além de enfrentar as desigualdades na formação de recursos humanos e na infraestrutura necessária para o desenvolvimento de pesquisas sobre este grupo de animais. A ordem Coleoptera, os besouros, é o maior grupo de animais, com cerca de meio milhão de espécies conhecidas e distribuição por todos os biomas terrestres. Por sua grande diversidade e ampla distribuição, o grupo tem uma grande importância ecológica e econômica, incluindo grupos indicadores ecológicos, pragas agrícolas e espécies com potencial econômico.
Como um instituto em rede, o INCol conta com pesquisadores de 50 instituições – 40 em 17 estados brasileiros e 10 no exterior, com expertise diversa e que atuarão sobre três eixos principais: taxonomia e curadoria de coleções científicas; Ecologia e conservação da biodiversidade; e espécies de importância econômica para agropecuária, florestas e saúde pública. Para o prof. Fernando, com o INCol o IB se consolidará como o principal nó da rede de coleopterólogos brasileiros, já que o IB já detém uma das principais coleções do grupo e sediará a sede do Instituto, incluindo seus servidores de dados.
Veja o Comunicado oficial do INCol:
Comunicado Oficial – Instituto Nacional de Coleoptera (INCol)
É com grande satisfação que anunciamos a aprovação definitiva do Instituto Nacional de Coleoptera (INCol) no âmbito do edital de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) promovido pelo CNPq. A proposta, construída de forma colaborativa por uma ampla rede de especialistas em taxonomia, ecologia, conservação e bioeconomia, foi contemplada, marcando o início de uma nova fase para a pesquisa com coleópteros no Brasil.
O INCol nasce com o propósito de impulsionar a pesquisa, a inovação e a divulgação científica em torno do maior grupo de animais do planeta: os besouros. Com quase meio milhão de espécies descritas, os coleópteros representam cerca de 40% de todos os insetos e desempenham papéis ecológicos e econômicos essenciais. O INCol atuará sobre três eixos principais: taxonomia e curadoria de coleções científicas; Ecologia e conservação da biodiversidade; e espécies de importância econômica para agropecuária, florestas e saúde pública.
A estrutura de coordenação do Instituto foi desenhada para assegurar longevidade, equilíbrio e representatividade nas ações. Ela integra profissionais com vínculo permanente em instituições públicas e promove a atuação de diferentes especialistas em áreas complementares da pesquisa com coleópteros. A composição do comitê gestor busca a diversidade de experiências e áreas de atuação, valorizando a participação feminina na liderança científica.
O INCol é formado por uma ampla rede: 78 pesquisadores(as), incluindo profissionais da gestão e do apoio técnico, membros de comitês consultivos nacionais e internacionais, e curadores de coleções científicas. A proposta reúne representantes de 50 instituições – 40 brasileiras, em 17 estados, e 10 estrangeiras, em países como Alemanha, Austrália, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, México e Reino Unido, entre outros.
As ações do INCol estão organizadas em comissões temáticas, que conduzirão as atividades a partir de suas expertises:
Comitê gestor: formado pelo coordenador (Fernando Z. Vaz-de-Mello), vice-coordenadora (Marcela Monné) e coordenadoras dos eixos: Lúcia Massutti de Almeida (Taxonomia), Letícia Vieira (Ecologia e Conservação) e Marina R. Frizzas (Importância Econômica). Tem a função de gerir o INCol, incluindo sua interface com o CNPq e demais instituições, orçamento, e editais internos.
Comissão de Avaliação Internacional: Sergei Tarasov (Finlândia), Paul Skelley (EUA), Richard Leschen (Nova Zelândia), Max Barclay (Reino Unido) e Adam Slipinski (Austrália). Tem como função a avaliação e monitoramento das atividades realizadas pelo Instituto para garantir o cumprimento das metas e parcerias internacionais baseadas no fortalecimento da rede.
Comissão de Orçamento: Na proposta INCol serão abertos editais para a implementação das bolsas, custeio e equipamentos visando garantir a redução das assimetrias regionais entre a infraestrutura das coleções, formação de pessoal e produção de conhecimento científico entre as instituições, grupos taxonômicos e linhas de pesquisa. Membros do comitê gestor estarão envolvidos diretamente com a elaboração dos editais e os demais membros do INCol serão convidados a participar das seleções de bolsistas como consultores ad hoc.
Eixo de Taxonomia: foca na identificação e descrição de espécies, curadoria e alimentação de bases de dados nacionais e internacionais.
Eixo de Ecologia e conservação: busca desenvolver indicadores ecológicos, estratégias amostrais, avaliar o estado de conservação das espécies e propor estratégias de manejo ambiental.
Eixo de Importância econômica: investiga espécies de interesse agropecuário, florestal e em saúde pública, propondo soluções de manejo e uso sustentável.
Divulgação científica: responsável pela execução do plano de comunicação, com foco na aproximação entre ciência e sociedade.
Gestão de dados: organiza e integra os bancos de dados dos três eixos, assegurando a transparência e o acesso público às informações geradas.
Política de uso de dados e publicações: define diretrizes éticas e colaborativas para uso, autoria e compartilhamento dos dados científicos gerados. Será gerada e apresentada pelo Comitê Gestor para deliberação dos membros do INCol. Neste documento constarão os princípios éticos e deveres dos membros para utilização e reprodução dos dados obtidos nesta proposta.
A proposta científica tem elevado potencial de impacto: visa aprofundar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira e transformando este conhecimento em soluções aplicáveis aos desafios ambientais, econômicos e sociais. As ações incluem desde o uso de inteligência artificial e outras ferramentas inovadoras para aceleração da produção e análise de grandes quantidades de dados (é um grupo megadiverso!), propostas de grupos alternativos de coleópteros como bioindicadores e agentes de controle biológico, até a geração de propostas tecnológicas sustentáveis para a agropecuária. Os dados produzidos também servirão como base para decisões sobre uso da terra, mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e políticas públicas de conservação.
A divulgação científica será uma frente estratégica para garantir que os conhecimentos produzidos cheguem à sociedade. Estão previstas ações contínuas em mídias digitais, produção de materiais educativos, participação em podcasts e programas de entrevistas, além de iniciativas de engajamento como concursos e jogos educativos.
O INCol está oficialmente aprovado e começando a funcionar. Em breve, serão lançados os primeiros editais internos, e as diretrizes operacionais estarão disponíveis para toda a comunidade científica interessada. Seguiremos conectando ciência de excelência com soluções aplicáveis, reforçando o papel do Brasil como protagonista na conservação e uso sustentável da biodiversidade.
IB
Instituto de Biociências
O IB-UFMT dedica-se ao ensino, pesquisa e extensão em Biologia, formando profissionais capazes de gerar e transmitir conhecimentos nas diversas áreas da vida.
Ciências
Instituto Nacional de Coleoptera é aprovado pelo CNPq

Logotipo do Instituto Nacional de Coleoptera
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Novo INCT liderado por pesquisador do IB estuda maior grupo animal
PORSilvia Altoé Falqueto
Bióloga
DATAJul 2, 2025, 10:07:00 AM