Mais de 80 mil litros de álcool já foram produzidos a partir de um projeto de extensão encabeçado por professores do departamento de química da Universidade Federal de Mato Grosso. O projeto de produção e doação de álcool em gel da universidade preparou esse material exclusivamente para doação, e teve a contribuição de muitos parceiros.
“Desses 80 mil litros, nós preparamos um lote de um álcool em gel com repelente natural a base de cravo”, explica o coord. geral do projeto, prof. Ailton José Terezo. Ele acrescenta também que essa doação do álcool em gel repelente, tem um impacto importante, porque está relacionada às populações mais vulneráveis.
O projeto foi organizado com vários núcleos, um núcleo com controle de qualidade da matéria prima, formulações em laboratório, núcleo de produção, núcleo de envase, e o núcleo de logística, que ficou sob a responsabilidade e gerenciamento da professora Cláudia Balbinotti.
O grupo de qualidade formulou o álcool em gel com alguns ingredientes ativos para melhorar as propriedades desse álcool mantendo o poder antisséptico, e de combate ao novo coronavírus.
“Dentre essas formulações, a gente investiu, preparou um lote de 8 mil litros de álcool em gel com um repelente natural a base de cravo, então foram feitos alguns experimentos em laboratório com diferentes agentes de espessantes para álcool em gel”, explicou o prof. Ailton.
O pesquisador alerta que não é em qualquer álcool em gel que se pode adicionar o cravo, e manter a característica de álcool em gel, em alguns casos quando se adiciona o cravo, ele precipita, perde a característica de gel.
Ailton explica que tudo isso foi avaliado, e otimizado em laboratório, já pensando no momento das chuvas, quando aumenta muito a incidência da proliferação de mosquitos e vetores de transmissão de várias doenças como a dengue, a zika, a chicungunha e até mesmo os mosquitos transmissores da febre amarela.
A ideia surgiu a partir de um conhecimento popular. Um professor aposentado do departamento de física da UFMT, prof. Alfredo Jorge, em uma pescaria usava álcool líquido com cravo como repelente natural. “A partir desse conhecimento formulamos e realizamos um controle de qualidade em laboratório”, define.
A professora Claudia Balbinoti, que trabalha em conjunto com prof. Ailton no projeto do álcool, e é responsável pelo controle da expedição, além da entrega dos produtos, e a logística de uma forma geral, conta que várias doações já foram feitas.
Ela explicou que o produto já foi entregue para migrantes haitianos, comunidades indígenas, como etnia pareci, secretaria de saúde de Barão de Melgaço, visando atender comunidades ribeirinhas, a FUNAI que atende a etnia xavante, e comunidades quilombolas, como a de Vila Bela da Santíssima Trindade.
Além desses, a produção também foi entregue para trabalhadores da área verde da UFMT, prefeitura de Alto Garças, “ e cerca de dois finais de semana atrás, fizemos uma ação conjunta com a marinha do Brasil, em que professores, servidores técnicos, e alunos da UFMT, participaram de uma ação de conscientização para recolhimento de lixo nas margens do rio Cuiabá, e também entregando a esses ribeirinhos o álcool em gel, e álcool repelente com cravo”, finaliza a professora Cláudia.
O objetivo desse tipo de atividade é conscientizar sobre o uso do álcool gel, do repelente na prevenção contra o mosquito, além da higienização das mãos, contra a covid-19.