A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professora Marluce de Souza e Silva, professores e lideranças indígenas estiveram reunidos, ontem à tarde, no Campus Sinop, com o objetivo de debater a possível criação de um Centro de Formação para os povos originários do Médio Xingu, na região Norte do Estado. Foi apresentada a necessidade de aproximação da universidade da realidade vivida pelas comunidades indígenas, como a oferta de cursos de graduação, pós-graduação, capacitação e extensão voltados às demandas dos territórios.
A professora Marluce destacou o compromisso da UFMT com a diversidade e com o acesso democrático à educação superior. “Recebemos a demanda diretamente das comunidades. Eles querem realizar aqui tudo o que é oferecido para os demais estudantes: graduação, mestrado, doutorado. A universidade precisa estar aberta a isso e garantir também a permanência desses estudantes indígenas”.
Um dos membros do projeto e professor do Campus Sinop, Gustavo Canale, defendeu o avanço da proposta a partir de parcerias com as próprias lideranças indígenas e destacou a importância de respeitar as estruturas culturais e comunitárias já existentes. Segundo ele, a intenção é ajudar a estruturar melhor os projetos de ensino, pesquisa e extensão, potencializando o que já existe nas comunidades e fortalecendo as ações dentro do território indígena.
A proposta envolve a criação de um polo de ensino para os povos indígenas, respeitando o modo de vida local e reduzindo as barreiras impostas pela distância e pela burocracia. Entre os desafios apontados pelas lideranças indígenas estão o difícil acesso à universidade, a pouca oferta de vagas, os critérios de seleção não adaptados às realidades culturais e a ausência de suporte para permanência.
“Mesmo quando conseguimos entrar na universidade, há muita dificuldade para permanecer. Falta alojamento, apoio financeiro e cursos que dialoguem com nossas realidades. Universidades privadas já estão atuando dentro das aldeias, mas cobrando mensalidades. O ensino público precisa se fazer presente também nos nossos territórios”, disse o professor e liderança indígena, Klemer Ikpeng.
Durante a reunião, a reitora explicou que há a possibilidade de adesão da UFMT ao projeto de criação da Universidade Indígena, uma demanda histórica retomada recentemente.
A reunião contou ainda com a participação da assessora especial da Reitoria, professora Sônia Vivian, e da diretora do Instituto de Ciências Naturais, Humanas e Sociais (INCHS), professora Rafaella Felipe.