O projeto de extensão Rede de Cooperação para a Sustentabilidade (GAIA), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus de Sinop, tem como objetivo estabelecer uma rede de produção, gestão e comercialização de alimentos agroecológicos. O projeto implantou sistemas agroflorestais e agroecológicos para 8 famílias agricultoras no ano de 2021 com a proposta de conscientizar e incentivar o consumo de alimentos orgânicos dentro e fora do campus. A rede também oferece suporte técnico e financeiro para implantação de sistemas agroflorestais.
Para Rafaella Felipe, professora e coordenadora do projeto, a iniciativa prevê autonomia para os agricultores, pois leva conhecimento e preparo para que as famílias produzam seus próprios adubos orgânicos, além de reduzir os custos de produção e multiplicar o conhecimento adquirido.” Esses insumos [industrializados] têm um alto custo hoje, em especial para a agricultura familiar, que pode inclusive inviabilizar a produção de alimentos. A gente trabalha com bioinsumos, biofertilizantes e ensinamos essas formações para os agricultores”, explica.
Na academia o projeto propõe cursos de planejamento em sistemas agroflorestais e oficinas de saúde do solo para os estudantes. “O objetivo geral do nosso projeto é estabelecer uma rede de produção e comercialização de alimentos agroecológicos em nossa região. A gente trabalha desde a formação dos agricultores até a sensibilização dos consumidores em uma logística de comercialização”, explicou a professora. Ela relata que o programa atua também no apoio a gestão das propriedades com resultados muito positivos na sensibilização dos consumidores. "Essa é uma das ideias principais, trabalhar na ponta com os consumidores. Avaliamos positivamente essa interação pelas redes sociais mesmo com a pandemia que atrapalhou muito”, destaca.
O campus também conta com uma unidade de aprendizagem em sistema agroflorestal onde são produzidos e doados alimentos para toda a comunidade. Participam do projeto oito docentes da UFMT, quatro pesquisadores, um analista da Embrapa, três professoras da UNEMAT, dois professores da Escola Técnica Estadual de Sinop, oito bolsistas, um pesquisador associado UFMT e três voluntários. “Desde a chegada do projeto, da entrada dos sistemas agroflorestais na área, a gente já observou um aumento de 40% no consumo desses alimentos. Isso impacta diretamente na renda dos agricultores”, analisa Rafaella Felipe.
Valorização dos saberes locais é marca do projeto
O projeto GAIA tem também um viés multidisciplinar e que valoriza os saberes tradicionais. “Sempre que a gente trabalha com agroecologia a gente traz profissionais de diferentes áreas do conhecimento e todos eles atuam com o mesmo objetivo de informar, de realizar trocas. A gente leva em conta muito os saberes tradicionais, o saber camponês. A gente trabalha nisso com o saber científico também”, comenta a coordenadora do projeto. A professora enfatiza que o contato com diferentes áreas do conhecimento agrega muito aos acadêmicos e gera demandas por produção orgânica e agroecológica.
“Não tinha até o momento nenhuma formação destes profissionais, como engenheiros agrônomos voltados para a agricultura orgânica ou mesmo para a agricultura familiar”, ressalta, acrescentando que os acadêmicos atuam como multiplicadores. Para Rafaella Felipe os profissionais do projeto tem o diferencial de atuarem no dia a dia com os problemas do campo e especialmente de auxiliar na resolução destes problemas. “A gente tem como objetivo levar autonomia para os professores, trabalhando na saúde do solo. Na agroecologia a gente não utiliza nenhum insumo industrializado”, disse a professora sobre a recusa de adubos, sementes transgênicas e agrotóxicos.
A opção do projeto é pelos bioinsumos e biofertilizantes. “A gente leva essas formações para os agricultores. Eles tem autonomia para produzir seu próprio adubo orgânico, por exemplo. Reduzindo seu custo de produção ele pode multiplicar o conhecimento ao reunir a comunidade, os vizinhos, e repassar esse conhecimento”, pontua Rafaella Felipe acrescentando que o produtor pode utilizar resíduos da propriedade, antes descartados, para criar o adubo. Toda a família dos agricultores é envolvida nas formações para tratar bem do solo, ponto chave para plantas saudáveis e ecossistema equilibrado.
Retomada com seleção de novas famílias e retomada de formações
Fundado em 2019 o GAIA é financiado pelo REDD Early Movers Mato Grosso (REM), benefício internacional concedido a iniciativas que visam a redução de emissões de CO2 por ações de conservação florestal. A rede foca na saúde do solo e opta pela produção de legumes, frutas e hortaliças sem a utilização de adubos químicos industrializados, agrotóxicos ou sementes transgênicas. Participam ainda oito bolsistas da Fundação Uniselva, Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e mais três voluntários.
Para 2022 o projeto pretende incluir mais 4 famílias à rede, além de diversificar a oferta de produtos na feira agroecológica do município e levar esses produtos para o comércio local. “Estamos em processo de seleção de mais 4 famílias camponesas. Se a pandemia permitir, retornaremos com as formações realizadas na Unidade de Aprendizagem em Sistema Agroflorestal, localizada na UFMT, Câmpus de Sinop”, pontuou a professora Rafaella Felipe. O projeto possui perfis nas redes sociais Instagram, Facebook e YouTube. É possível entrar em contato a partir do WhatsApp (66) 99659-2885 e o e-mail projetogaia2019@gmail.com.