É o cheiro, o sabor, a lembrança, ou o costume que faz com que o pequi seja, ou não, um dos alimentos preferidos da culinária regional? São indagações como essas que movimentam o Grupo de Estudos sobre Frutos Nativos (Frutivo), da Faculdade de Nutrição (FANUT), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Com um questionário disponível para todos os públicos, o grupo investiga a influência dos fatores culturais e emocionais na aceitação do pequi.
A pesquisa é desenvolvida pela professora da faculdade de nutrição e coordenadora do Frutivo, Ana Paula Pereira e pela discente de graduação em Nutrição e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), Jadi Barros. Além disso, conta com a colaboração do professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Erick Esmerino.
Jadi Barros conta que a vontade de estudar os fatores emocionais e culturais envolvidos na aceitação do pequi surgiu por diversos fatores. “O primeiro é o fato de que esse fruto apresenta um aroma intenso e bem característico, determinado por rica quantidade de compostos voláteis, e sabor peculiar. No entanto, a literatura aponta que não há unanimidade: enquanto alguns não suportam o cheiro, outros o apreciam muitíssimo. Outro fator são as evidências apontadas na literatura de que a experiência afetiva e os aspectos culturais estão relacionados à aceitação dos alimentos”.
A estudante também destaca que o pequi tem uma grande importância econômica e cultural para as populações que vivem ao redor das áreas de ocorrência da espécie. Principalmente para as pessoas que dependem da agricultura familiar e para as comunidades de baixa renda.
"A pesquisa ainda está em fase inicial, a coleta de dados começou há pouco tempo, de forma online. Mas, esperamos que os resultados encontrados venham a contribuir para a criação de políticas públicas que visem a inserção de frutos nativos no mercado”, revelou Jadi Barros.
Questionário online
O questionário será utilizado como instrumento para avaliar a diferença da aceitação, dos hábitos de consumo, e dos fatores que influenciam na aceitação e nos hábitos de consumo do pequi. A plataforma ficará disponível até junho de 2022.
A graduanda defende que é fundamental que haja uma alta adesão de participantes, para que a amostra seja representativa e eficaz para o estudo. “Nós optamos por utilizar o questionário online de autopreenchimento porque ele permite que alcancemos um número maior de pessoas em todas as regiões do Brasil”, reforçou Jadi.
Vale ressaltar que há garantia de sigilo das informações coletadas e que serão utilizadas apenas para fins de pesquisa, protegendo a identificação dos participantes.
Segundo Jadi Barros, os hábitos alimentares estão diretamente relacionados com a cultura do seu povo. E é importante pensar em estratégias de valorização e estímulo ao consumo e fortalecimento da identidade alimentar regional.
“Atualmente, os povos originários do Brasil enfrentam conflitos e ameaças constantes, sentindo diretamente os efeitos do modelo de desenvolvimento atual, produtivista e depredatório. O reforço na valorização do pequi está diretamente relacionado à valorização da cultura da região. Estar em conexão com o seu território e sua biodiversidade, saberes e práticas é fundamental para a garantia do acesso a alimentos mais saudáveis e à sustentabilidade”, concluiu a bolsista.
Acesso ao questionário
Para conseguir responder as perguntas, basta clicar no link , que direciona para a pesquisa. A partir daí é necessário clicar em "português" e depois em "próximo”, com o celular na horizontal.