Sudoku, palavra cruzada, caça palavras, jogos de memória, dentre tantos outros, são divertidos passatempos mas têm, entre si, um elemento comum: o estímulo ao cerébro. Pensando nesta atividade, voltada exclusivamente aos idosos, a Liga Acadêmica de Geriatria e Gerontologia (LAGGE) da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) desenvolveu a "Cartilha de Memória", publicação que tem o objetivo de estimular a memória deste público.
Além destas , o material traz diversas outras atividades para estimular a memória dos idosos. Segundo Andreia Casarotto, médica geriatra orientadora da LAGGE na confecção do material a cartilha surgiu em setembro, mês mundial da doença de Alzheimer."Essa é a principal demência que acontece às pessoas idosas e que tem por característica maior comprometer a memória. Fizemos essa cartilha pensando em estímulos de memória que a gente sabe que é um fator protetivo para a doença. Quanto mais você estimular a memória, ter atividades novas de aprendizado, mais estará contribuindo para uma reserva cognitiva e consequentemente diminui um pouco a chance de desenvolver uma doença que compromete a memória", relata a geriatra, acrescentando que a perda de memória é uma queixa cotidiana nos atendimentos.
A médica conta que o material procurou mesclar diferentes atividades, tanto de memória imediata, como as afetivas, que o idoso teve ao longo da vida e que podem ser resgatadas, além da capacidade executiva de desenho e pintura e que fez com que os estudantes trabalhassem numa perspectiva que vai além da administração de remédios. "A gente tem que fazer o aluno enxergar que só a medicação é muito pouco. Ele precisa aprender a estimular, a trabalhar com outros domínios e, quando se trata de pacientes idosos, saber estimular uma atividade de cognição, saber orientar sobre a memória, saber trabalhar em equipe, são orientações muito importantes. Trabalhamos muito em equipe interdisciplinar, estimulando diversos componentes da saúde do idoso. Então esse treino de estimulação cognitiva faz parte do aprendizado quando se lida em geriatria", explica.
Família
Uma aliada importante do idoso nesta tarefa é a família. "É importante que a família estimule o idoso sempre a ter atividades que possam trabalhar a memória, a capacidade executiva ao longo do dia. A cartilha tem essas atividades, mas existem inúmeras outras que podem ser feitas baseadas na cartilha mas com outras temáticas", expõe a geriatra, observando que outras ações que podem ser estimuladas são escrever um diário, legendar um álbum de fotos da família, ler um texto e depois reportar ao familiar, fazer a lista de compras do mercado de cabeça e depois conferir.
"Existem inúmeras possibilidades. O que não pode é só deixar sentado em frente da televisão, porque assistir apenas é muito passivo e o idoso, para manter sua atividade, precisa de um estimulo para realizar atividades que não sejam passivas e não estimulem a memória. A família tem que estar atenta e o mais importante é que esquecer não é natural do envelhecimento. Às vezes a gente deixa de fazer o diagnóstico porque ficamos atribuindo o esquecimento ao envelhecimento normal e não é", completa.
"O idoso pode ter um pouco mais de dificuldade de aprender coisas novas, não consegue fazer as coisas ao mesmo tempo, mas isso não pode impactar na vida dele a ponto de deixar de fazer as coisas. Se ele tem um comprometimento da memória que o limita, isso não é natural do envelhecimento e deve ser investigado", finaliza.
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Acesse a íntegra do material para imprimir e realizar as tarefas com os idosos.