Com o objetivo de estimular a inserção de mulheres e meninas na área das ciências exatas, o projeto “Aplicação da nanotecnologia na produção de sensores eletroquímicos de uso na agricultura visando contribuir para a cultura empreendedora em Mato Grosso”, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi aprovado no edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT), e está em atividades desde julho de 2021, com a participação de estudantes da rede pública e particular de ensino do Estado.

Sob a coordenação da professora Marilza Castilho, do Departamento de Química da UFMT, a ação selecionou, ao todo, nove estudantes do ensino médio,  das escolas Estadual “Pascoal Moreira Cabral”, em Cuiabá, do Campus São Vicente do Instituto Federal de Mato Grosso e do Centro Educacional Piaget, em Lucas do Rio Verde. Há também a participação de quatro estudantes do curso de Química, uma servidora técnica de laboratório e uma professora supervisora em cada escola.  

Marilza Castilho conta que chama atenção o dado da ONU, que revela que menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres. Para ela, que  é  integrante de grupo de pesquisa que desenvolve nanotecnologia para agricultura no Estado, a realidade precisa ser mudada, e a idealização do projeto contribui de certa forma para desmistificar a presença feminina na área.

“Mato Grosso tem expressivo desenvolvimento do agronegócio, e a participação da ciência para otimizar a produção ao mesmo tempo cuidando do meio ambiente é desafio constante e necessário. A nanotecnologia propicia o controle, diagnósticos para aumentar a eficiência na produção e promover as intervenções essenciais”, explica a pesquisadora.

Com foco no estímulo à divulgação científica e engajamento das participantes, a docente diz que em função das restrições impostas pela pandemia, o projeto já criou canais de comunicação nas redes sociais no Instagram e Youtube. “Iniciamos em julho de 2021, de maneira remota. Conseguimos reunir as meninas e já criamos canais nas redes sociais. Nelas há produção de conteúdos de ciências exatas, nanotecnologia, sensores e iremos falar sobre as mulheres nas ciências”, complementa.

Nos próximos meses, as estudantes participarão de atividades práticas onde terão a oportunidade de desenvolver sensores eletroquímicos com o uso de nanomateriais a base de carbono. “Aplicação destes sensores em amostras de água de rio, atividades de laboratório demonstrativas também estão no escopo desse projeto”, reforça a pesquisadora.

Júlia Mendonça, estudante do ensino médio na Escola Estadual Pascoal Moreira Cabral, em Cuiabá, conta que ter esse contato direto com a ciência e produção acadêmica no ensino médio é uma possibilidade de crescimento pessoal importante para a construção de um currículo. 

“Ao participar do projeto pude entender também a dinâmica e a participação da mulher na ciência, tanto na realidade brasileira quanto fora do país. Pretendo ser uma perita criminal, e sei que os desafios são inúmeros, mas ações como essas do projeto nos proporcionam engajamento e oportunidades de ser inseridas no mercado e na pesquisa”, finaliza.