PORLuiz Carlos Bezerra
Jornalista

DATA02 de Setembro de 2022

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Acadêmico

Estudantes desenvolvem startup para cultivo hidropônico

Arquivo EIT
Empresa está incubada no EIT da UFMT

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) em 2017 mostra que a presença de jovens entre 20 e 35 anos de idade no campo, saltou de 15% para 27%, em relação a 2013. Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a startup Osíris Agtech, que atua no desenvolvimento de soluções de engenharia e tecnologia no cultivo hidropônico, evidencia esse dado. Ela é dirigida por estudantes do curso de Engenharia e Automação, sob orientação e consultoria de professores da Agronomia e da Computação, e é uma das empresas incubadas pela Priante, do Escritório de Inovação Tecnológica (EIT) da UFMT.

Como uma crescente em todo mundo, as agtechs buscam soluções inovadoras no agronegócio, aliando estudos e desenvolvimento de novas tecnologias para o campo. O estudante Miguel Ribeiro de Jesus Martins, sócio-administrador e gestor de projetos da Osíris, conta que  o início da startup se deu em meados do ano de 2019, a partir de um encontro dos graduandos, professores e o EIT. 

“Na oportunidade, muitas ideias surgiram, relacionando sistemas de produção agrícola, automação e computação. Para viabilizar o desenvolvimento dessas ideias, iniciamos o monitoramento de editais de apoio à inovação e outras formas de obtenção de recursos. O primeiro programa que participamos, neste mesmo ano,  foi o Conecta Startup Brasil, onde realizamos o desenvolvimento de um equipamento para manejo de soluções nutritivas de cultivos hidropônicos”, conta o jovem empreendedor.

Já em 2020, as ideias se ampliaram, e a equipe propôs o desenvolvimento de um equipamento que viabilizasse o cultivo de plantas em ambientes internos, sem luz solar e de forma autônoma. “Neste ano, submetemos esse projeto ao programa Centelha via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat). Fomos aprovados e desse momento de fato a Osíris é constituída. A escolha do nome vem da mitologia egípcia que é a representação como a força do solo, que faz a vegetação crescer”, explica Miguel Ribeiro de Jesus Martins complementando que atualmente, a Startup, é composto por mais de 12 pessoas, dentre elas estudantes e professores que participam e executam projetos de inovação tecnológica apoiados também pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae).

Empreender e Inovar -  ideias a todo vapor

O Diretor do EIT, professor Raoni Florentino da Silva Teixeira, conta que casos como esse da Osíris Agtech evidenciam a atuação do Escritório junto à academia. “ Ao longo dos últimos anos, o EIT vem atuando como um ambiente de inovação. Diferentemente de outros ambientes no Estado, nosso foco está na criação de negócios a partir de resultados de pesquisas e da experiência acadêmica. Nisso incluem ações sobre a gestão da propriedade intelectual da Universidade e o fomento da cultura empreendedora, com hackthons, que são eventos que reúnem desenvolvedores de software, designers e outros profissionais relacionados à área de programação, palestras, visitas a grupos de pesquisa”, explica, enfatizando que a inovação começa na universidade e termina com produtos no mercado, e que a troca Universidade e Empresa é o mecanismo que faz essa ação acontecer.

Pesquisa publicada em outubro  pelo Serviço de Estudos Econômicos do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), mostra que o Brasil liderou o crescimento de produtividade no mundo com taxas de crescimento de 3,18% ao ano, num ranking com 187 países. Neste cenário, Miguel Ribeiro de Jesus Martins analisa que a influência disso está na crescente das startups e do interesse de pessoas mais jovens pelo setor.

Na Osíris as principais ideias de negócio desenvolvidas estão relacionadas a novas técnicas e tecnológicas de cultivos de plantas hortícolas, que são as hortaliças, flores e frutas. Temos trabalhado com aplicativo para gestão e manejo de cultivos hortícolas, equipamento para o cultivo de plantas em ambiente interno, equipamento para manejo da solução nutritiva e automação e modernização de cultivos protegidos.

“Estamos dentro de uma universidade, e de onde a Startup nasce. A Priante enquanto incubadora, nos auxilia no fornecimento de capacitações e orientações técnicas em diversas áreas da empresa, especialmente aquelas relacionadas a gestão do negócio, estratégias de parcerias com empresas e comercialização dos produtos e serviços”, explica o gestor de projetos, complementando que a incubação contribui para estreitar mais os laços com a UFMT, facilitando a atuação de professores e alunos de diversos cursos em diversos projetos em desenvolvimento.

Universidade para pesquisa e empreendedorismo

Para o professor Raoni Florentino da Silva Teixeira, as invenções propostas nas universidades apresentam duas características, a primeira como estágio inicial, seguida da falta de conexão com o setor produtivo. “Na primeira fase medimos o nível de maturidade da ideia, pensando que nem sempre uma criação é a partir de uma demanda real. Note que a geração de soluções escaláveis carece de infraestrutura para teste em ambientes reais e, sem parcerias, não temos isso nas universidades”, explica, complementando que a incubação ajuda nesses dois pontos, por meio de ferramentas como a elaboração do Produto Mínimo Viável (MVP) ou serviço e respectivos testes.

No Brasil o número de startups atuando no agronegócio passa de 1.500, segundo a pesquisa realizada pelo Radar Agtech Brasil 2020/2021, elaborado em parceria entre a Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens Research and Consulting com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em relação a 2019, o número de startups ativas é 40% maior. 

“Esses dados demonstram também que muitas dessas agtechs estão atreladas a incubadoras e instituições financiadoras. No EIT temos dois editais, o de pré-incubação e incubação, e de maneira geral ajudamos nesse processo de entender o mercado e avaliar se o negócio é viável ou não. Se for inviável, atuamos no intuito de torná-lo viável”, explica o diretor do EIT, complementando que esse processo se dá também por meio de mentorias financeiras, de gestão de pessoas e de captação de recursos.

Miguel Ribeiro de Jesus Martin, analisa como positivo a parceria com a Incubadora. “Muitos pontos deficitários e necessidades já foram apontados pela Priante e estão sendo analisados e gradativamente resolvidos pela equipe técnica da Osíris. Acreditamos que os benefícios serão cada vez maiores ao longo do processo de incubação e com a aquisição e troca de conhecimentos e experiências de todos os envolvidos”, explica.

Para o  diretor do EIT o produto da Osíris tem o potencial de levar a horta para a sala de cada casa e apartamento em uma grande cidade. De acordo com ele, o desafio é garantir a escalabilidade e a viabilidade. “Será possível? Esperamos que sim, mas esse risco faz parte do jogo. O ponto forte da Osíris é o capital humano. O sucesso do empreendedorismo científico, como é o caso aqui, está diretamente ligado à excelência acadêmica. E isso a equipe da Osíris tem de sobra”, finaliza.

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