Um projeto de pesquisa da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), que recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Mato Grosso (Fapemat), investiga o potencial da amêndoa de castanha de
caju-do-cerrado na formulação de novos alimentos vegetais.
Segundo o coordenador do projeto, doutorando Cézar da Silva
Guerra, do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da UFMT, a
pesquisa busca aproveitar o extrato da amêndoa na elaboração de bebidas
fermentadas e pastas vegetais do tipo spread. A castanha é o fruto seco; já a
amêndoa é a parte comestível.
“Os resultados esperados incluem a comprovação da viabilidade
técnica e econômica dos produtos, a publicação de artigos científicos e
boletins técnicos, e a contribuição para o fortalecimento da cadeia produtiva
da castanha de caju", ressalta o pesquisador.
A castanha, que é o fruto verdadeiro do caju, é aproveitada
de forma industrial e gera mais renda do que a polpa da fruta, que é usada para
a produção de sucos, doces, polpa congelada ou cajuína (bebida não alcoólica,
tipicamente nordestina, feita com o suco clarificado do caju).
O pesquisador explica que a pesquisa se baseia no uso de
espécies do gênero Anacardium, conhecido como cajueiro, nativas do Brasil e
também muito comuns na Região Centro-Oeste.
"Embora o Anacardium occidentale, tradicionalmente
cultivado no Nordeste, seja amplamente explorado e comercializado, o cajueiro
presente no Cerrado mato-grossense permanece pouco aproveitado do ponto de
vista comercial. Além disso, as informações técnicas relacionadas à propagação,
manejo e aproveitamento de seus frutos ainda são escassas e pouco difundidas no
Estado", diz o pesquisador.
Para a preparação da bebida, a amêndoa do caju-do-cerrado é
triturada, filtrada, passada por um tratamento térmico e fermentada com cepas
de probióticos. Já a o método de preparo de pastas é triturado a seco e
transformadas em pasta om a adição de água, óleo de coco extravirgem, açúcar,
lecitina de soja e cacau 50%. Esses ingredientes favoreceram a emulsificação e
a estabilidade do produto, contribuindo para melhor sabor, textura e tempo de
prateleira.
A castanha de caju é um dos principais produtos de
exportação do Brasil, que já foi líder mundial, mas atualmente está atrás do
Vietnã e da Índia. O Nordeste produz 99% da produção nacional, principalmente
os estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Em Mato Grosso, o município de
Terra Nova do Norte é o único do estado a contar com produção em escala
comercial, com 89 toneladas colhidas em 2021, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab).
Estudos indicam que cerca de 30% das amêndoas são quebradas
durante o beneficiamento da castanha, o que compromete seu valor de mercado. “A
pesquisa busca ampliar o aproveitamento desse subproduto, que é fonte de
proteínas, lipídios e aminoácidos essenciais, promovendo alternativas de
processamento com potencial de geração de renda e inserção no mercado de
alimentos vegetais”, destaca Cézar.
A pesquisa faz parte do Edital Fapemat nº 004/2023 –
Doutorado com Produto Tecnológico, financiado pelo Governo do Estado por meio
da Fapemat.
* Com informações da Fapemat