A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) utiliza o podcast “Papo de Ciência” como uma ferramenta inovadora para aproximar a ciência da comunidade acadêmica e externa. O projeto, que conta com a colaboração de estudantes e professores da instituição, visa promover debates acessíveis sobre ciência e tecnologia, utilizando uma linguagem leve e envolvente. O material está disponível a partir do Spotify, por meio do perfil do Factório MT.
Desenvolvido a partir da necessidade de trabalhar conceitos de transmídia com recursos acessíveis, o podcast tem como objetivo divulgar as pesquisas, projetos de extensão e eventos científicos produzidos na UFMT. A professora responsável pela disciplina, Mirian Barreto, enfatiza que a criação do “Papo de Ciência” é uma forma de dar visibilidade à produção científica realizada no ambiente acadêmico, que muitas vezes se restringe a artigos e congressos, sem alcançar a população em geral.
“Além da formação teórica, os alunos colocam a mão na massa. Eles roteirizam, entrevistam e editam. Isso potencializa habilidades práticas e também desperta uma nova percepção sobre o jornalismo científico”, explica a docente. Ao fazer isso, o projeto busca aproximar o conhecimento acadêmico do grande público, tornando-o mais acessível e dinâmico.
Apesar do sucesso entre os acadêmicos, o projeto enfrenta alguns desafios. A dificuldade de acesso aos pesquisadores, o receio de simplificar pesquisas complexas e a falta de preparo de muitos profissionais para dialogar com a mídia são obstáculos recorrentes. “No Brasil, o currículo conta muito para a produção científica, mas se investe pouco em formação para divulgação. Nosso papel enquanto instituição é também formar pesquisadores que saibam se comunicar com o público”, ressalta a professora Mírian Barreto.
Projeto amplia horizontes de colaboração
O podcast não se limita à simples divulgação científica. As histórias abordadas vão além do conhecimento técnico, tratando de temas sociais com a participação de diversas vozes, o que dá ao projeto um caráter inclusivo e colaborativo. A escolha do nome, “Papo de Ciência”, foi sugerida pela aluna Ana Júlia Pereira. “Achei o nome direto e popular, unindo bem a ideia de conversa (‘papo’) com o conteúdo científico que propomos”, afirma a professora.
Os episódios são publicados no site e Instagram do projeto experimental, Factorio MT, e também distribuídos em plataformas de áudio como o Spotify. Embora o foco inicial tenha sido atingir um público externo à universidade, a maior parte dos ouvintes ainda é formada por alunos e integrantes da comunidade acadêmica da UFMT. No entanto, a equipe segue empenhada em ampliar o alcance do conteúdo e conquistar novos públicos fora do ambiente universitário.
A proposta descontraída e o compromisso com a popularização da ciência demonstram como é possível conectar a academia com a sociedade, garantindo que, apesar dos desafios, a relevância da pesquisa científica sempre tenha voz. “Acreditamos que esse conteúdo poderia ter mais espaço nos meios de comunicação locais. Nosso desafio agora é furar a bolha da universidade e mostrar para a sociedade o valor e a relevância das pesquisas que estão sendo desenvolvidas aqui dentro”, finaliza a docente.
Texto desenvolvido por alunas da disciplina de Assessoria de Comunicação, ministrada no curso de jornalismo na UFMT: Emilly Rocha, Paula Melo, Stephane Gomes.